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Curva de juros ganha quase 40 pontos de inclinação em agosto, com risco fiscal

Publicado 31.08.2023, 15:09
Curva de juros ganha quase 40 pontos de inclinação em agosto, com risco fiscal
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Os juros futuros emendaram a segunda sessão consecutiva de alta firme nesta quinta-feira, 31, puxados novamente pela piora das expectativas do mercado para a situação fiscal do País. À véspera da divulgação do payroll americano e do PIB brasileiro nesta sexta-feira, 1º, as atenções dos investidores continuaram voltadas para o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024, que foi divulgado na última hora da sessão.

Com isso, o diferencial entre as taxas dos DIs para janeiro de 2029 avançou a 29,5 pontos-base, ante 18,3 pontos no ajuste da véspera. No fim de julho, o spread era negativo em 7 pontos. O contrato de DI para janeiro de 2024 subiu de 12,367% no ajuste anterior para 12,395%; o DI para janeiro de 2025 avançou de 10,433% para 10,545%; o DI para janeiro de 2027 teve alta de 10,135% para 10,380%; e o DI para janeiro de 2029 subiu de 10,616% para 10,840%.

A sessão foi marcada pela continuidade do processo de incorporação de prêmios de risco na curva visto desde o pregão da véspera, devido à incerteza quanto à capacidade do governo de cumprir a meta estabelecida no arcabouço fiscal e zerar o déficit primário no ano que vem. Além de pressionar a ponta longa da curva, esse cenário favoreceu ainda uma reprecificação da trajetória para a taxa Selic embutida nos DIs mais curtos.

"O mercado tem incorporado aos preços dos ativos a percepção de maior risco fiscal, tendo em vista as dificuldades do governo em ajustar receitas e despesas a fim de entregar déficit primário nulo em 2024 ou, pelo menos, sinalizar trajetória mais benigna para as contas públicas", diz o economista-chefe do Banco Pine (BVMF:PINE4), Cristiano Oliveira, em relatório. "Mesmo com o recuo dos yields dos papéis do Tesouro norte-americano, a curva de juros doméstica tem se ajustado, retirando parte do 'exagero' na precificação de cortes da Selic em 2024."

O economista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, afirma que a combinação desses fatores ajudou a colocar pressão sobre os DIs, diante do ceticismo do mercado sobre a possibilidade de o governo produzir superávits primários recorrentes. Ele acrescenta que ainda são fonte de preocupação as informações de que alguns ministros têm pressionado por um déficit primário maior no ano que vem.

Nesta sexta-feira, as atenções do mercado devem ficar voltadas para a agenda de dados. Para Cruz, se o payroll americano mostrar uma criação de empregos menor, em linha com os últimos indicadores do mercado de trabalho dos EUA, é possível que cresça a expectativa por uma pausa no ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), com impacto positivo para a curva brasileira.

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