Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros desabavam nesta segunda-feira, com os investidores comprando risco após a expressiva votação de Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno das eleições presidenciais.
"Num claro sinal de apoio ao candidato Jair Bolsonaro, os juros longos recuam na esteira da perspectiva que o candidato do PSL e seu assessor econômico Paulo Guedes irão encaminhar uma série de políticas de cunho liberal, entre elas a venda de ativos e corte mais robustos dos gastos públicos", escreveu o economista-chefe da corretora Spinelli, André Perfeito.
"O otimismo se apoia também na perspectiva que o candidato terá o apoio de uma robusta bancada na Câmara e no Senado para encaminhar suas propostas", acrescentou, lembrando que esse apoio o credencia para fazer reformas.
Com 99,99 por cento das seções eleitorais apuradas, Bolsonaro recebeu 46,03 por cento dos votos válidos enquanto o petista Fernando Haddad, que vai disputar com ele o segundo turno, ficou com 29,28 por cento do total.
Além disso, Bolsonaro conseguiu transformar seu partido, o até então nanico PSL, em uma potência parlamentar, provocando uma mudança sísmica. O PSL deve ficar com 51 cadeiras na Câmara dos Deputados, de 513 assentos, de acordo com projeção da XP Investimentos, ficando atrás apenas do PT, de Haddad, que deve ter 57 vagas.
"O segundo turno provavelmente será mais apertado, mas Bolsonaro tem uma vantagem clara", escreveu o economista-sênior de mercados emergentes da empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics (CE), William Jackson, ao acrescentar que "a forte exibição de Jair Bolsonaro e seu partido nas eleições aumentou as chances de uma reforma pró-mercado".
A Capital Economics ainda lembrou que a plataforma econômica de Bolsonaro é muito favorável ao mercado, incluindo reforma previdenciária, independência total do banco central, privatizações e redução no tamanho do Estado. Por outro lado, segunda a empresa de pesquisas macroeconômicas, a plataforma do PT promete suspender privatizações, reverter a reforma trabalhista e mudar o mandato do Banco Central.
Com os investidores animados com um desfecho mais pró-mercado do segundo turno, a precificação da curva de juros a termo nesta segunda-feira indicava 76 por cento de chances de alta de 0,25 ponto percentual da Selic em outubro, ante cerca de 95 por cento na sexta-feira, com o restante apostando em manutenção da taxa, segundo operadores.
A Selic está atualmente no piso histórico de 6,50 por cento ao ano.