SÃO PAULO (Reuters) - A Eletrobras (SA:ELET3) deve começar já em dezembro um processo para a venda de fatias minoritárias em ativos de geração eólica e linhas de transmissão, disse nesta terça-feira o presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr., que prevê que recursos obtidos com o processo poderão entrar no caixa da companhia no primeiro semestre do ano que vem.
Os empreendimentos estão avaliados em 4,6 bilhões de reais.
"Eu diria que a gente vai estar em condições de venda a partir de dezembro, iniciar o processo... tem que seguir algum direito de preferência, mas deve ser relativamente rápido", afirmou Ferreira, em teleconferência para comentar os resultados trimestrais divulgados na véspera.
"De alguma maneira imagino que vamos ter esses recursos no máximo no primeiro semestre do ano que vem", acrescentou o executivo, ao ser questionado por analistas sobre os desinvestimentos.
Ele disse que com essas vendas a Eletrobras deve conseguir abater débitos e assim fechar 2018 com uma relação entre dívida líquida e geração de caixa "abaixo de 3 vezes", contra 4,1 vezes no final do terceiro trimestre e 8,5 vezes em setembro de 2016.
Já a privatização das seis distribuidoras de eletricidade da Eletrobras no Norte e Nordeste deve acontecer em leilão em abril de 2018.
O governo federal anunciou em agosto planos de privatizar a Eletrobras como um todo, mas as vendas de ativos, incluindo as distribuidoras, já estavam nos planos e acontecerão antes da desestatização da companhia.
Ferreira destacou ainda que, para atrair mais interessados, as distribuidoras da Eletrobras terão uma elevação adicional de tarifas às vésperas do leilão, além das já autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até o momento.
"Deve haver a proposição dessa 'tarifa de equilíbrio'... vai ser aplicado antes do leilão", disse o executivo, que estimou impacto médio de 8,9 por cento para os consumidores.
TUCURUÍ
O presidente da Eletrobras também foi questionado por analistas sobre a possibilidade de a hidrelétrica de Tucuruí ser incluída em um pacote de usinas da companhia que poderão renovar contratos em condições mais vantajosas para valorizar a companhia antes da privatização.
Ferreira disse "imaginar" que o governo permitirá, sim, a renovação do contrato da usina em algum modelo que possibilite a cobrança de um bônus de outorga para o Tesouro em troca das novas condições.
Ele afirmou, no entanto, que não possui informações adicionais sobre o assunto, que espera que seja tratado na modelagem que o governo definirá para a desestatização.
"Imagino que não será diferente do que foi tratado nas nossas outras 14 usinas... mas eu entendo que seria bastante razoável e importante que a gente já tivesse antes uma regra que alcançasse isso", comentou Ferreira.
A concessão atual de Tucuruí vai até 2024, mas a usina não pratica preços baixos como as demais hidrelétricas da Eletrobras que poderão negociar novos contratos.
Segundo Ferreira, uma hipótese é que o governo cobre da Eletrobras um bônus em troca de a companhia poder negociar livremente parte da produção da usina, enquanto outra parcela da energia seria direcionada às distribuidoras --um modelo semelhante ao utilizado pela União neste ano para relicitar usinas que pertenciam à mineira Cemig (SA:CMIG4) cujos contratos expiraram.
(Por Luciano Costa)