Investing.com - A disputa pelos ativos da Oi (SA:OIBR3) continua a todo vapor. Agora é a elétrica italiana Enel (MI:ENEI) que se interessa à rede de fibra óptica da tele brasileira em recuperação judicial, segundo informações da Exame em seu site. A proposta da Enel estaria concorrendo com outras 10, entre as quais da Highline (que disputa a rede móvel da Oi) e de fundos de infraestrutura geridos pelo BTG Pactual (SA:BPAC11).
As ações ordinárias da Oi, com maior volume de negócios, disparavam 7,1% a R$ 1,66, enquanto as preferenciais saltavam 6,91% a R$ 2,63.
A Enel, que atua em distribuição de energia em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Ceará, apresentou proposta pelo ativo, denominado de Infraco e é avaliado em R$ 11,5 bilhões, dividido entre R$ 6,5 bilhões por 51% das ações ordinárias e mais uma capitalização de R$ 5 bilhões no negócio (dos quais R$ 2,4 bilhões vão ser usados para pagar dívidas da Oi). Não foram revelados valores da proposta da elétrica e a elétrica não se manifestou.
A Exame informa que a Enel é a única proponente pelo negócio que tem sinergia com a Oi, pois há uma combinação da estrutura da rede elétrica com a de telecomunicações devido ao direito de passagem que as distribuidoras de energia já detêm sobre os postes, facilitando o acesso do serviço às residências. Além disso, o negócio seria uma extensão à unidade da Enel X, unidade internacional de telecomunicação da Enel com atuação na América Latina, ainda incipiente no Brasil.
Ontem à noite, a agência de notícias Bloomberg informou que Brookfield e CPPIB também avaliam pela unidade de fibra óptica da Oi.
Infraco
Batizada de InfraCo, a infraestrutura contém 400 mil quilometros de rede e vale R$ 25,5 bilhões, de acordo com a Oi. É um negócio rentável, com Ebtida em R$ 1,5 bilhão, mas que precisa de R$ 12 bilhões em quatro anos para expandir a rede onde a Oi não está presente. Após a venda do negócios, a tele pretende se manter como cliente da nova companhia.
De acordo com a Oi, o potencial comprador da parcela da InfraCo à venda deverá desembolsar, no mínimo, R$ 6,5 bilhões mais R$ 2,4 bilhões referentes à dívida da unidade por até 51% de participação, além de se comprometer a investir R$ 5 bilhões - no total, o negócio deve gerar R$ 13,9 bilhões no mínimo.
Segundo informações do jornal O Globo de 22 de abril, a Oi tinha 1 milhão de clientes para internet fixa via fibra óptica, contra 200 mil em julho de 2019, resultado de intensificação de investimentos na área ano passado para ampliar a base de clientes e alcance. Uma das estratégias dos investimentos é permitir o reuso de rede, facilitando a empresa de fazer uma ágil expansão dos serviços pelo Brasil afora, tanto na oferta de conexões de ultra velocidade, assim como na oferta de soluções corporativas.
Mas há um risco relevante no negócio, segundo o Valor. A rede faz parte dos bens reversíveis da Oi por ser usada na telefonia fixa e banda larga, e não há definição de regras pela Anatel para o fim das concessões de telefonia fixa em 2025.
Highline não tem mais exclusividade na rede móvel
A Oi encerrou na segunda-feira negociações exclusivas com a Highline do Brasil, uma empresa do portfólio da firma norte-americana de private equity Digital Colony, para a venda de seus ativos móveis, disse uma fonte familiarizada com o assunto.
A Highline apresentou a melhor oferta para a unidade móvel da Oi em 18 de julho, que tinha um valor mínimo estabelecido pela operadora de 15 bilhões de reais. Quatro dias depois, no entanto, TIM Participações (SA:TIMP3), Telefônica Brasil (SA:VIVT4) e Claro, da América Móvil, apresentaram uma nova oferta conjunta de 16,5 bilhões de reais pelos ativos móveis da Oi, superior à proposta da Highline.
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A Oi manteve conversa exclusiva com a Highline depois disso, mas decidiu encerrá-la depois que a empresa do portfólio da Digital Colony não aumentou sua oferta pela unidade móvel, disse a fonte. A Highline também apresentou propostas para outras duas unidades da Oi. Entregou uma proposta firme de aquisição da unidade de torre da Oi por 1,08 bilhão de reais e também uma oferta não vinculante para a unidade de fibra da empresa.
Não está claro, no entanto, como a Oi procederá agora ao fim das negociações exclusivas com a Highline. O trio de operadoras tinha exigido à Oi o direito de cobrir possíveis novos lances de rivais. Elas também oferecem à Oi um contrato de longo prazo para alugar sua infraestrutura de telecomunicações. Ao contrário da Highline, que tem uma presença tímida no Brasil, as operadoras devem ser submetidas a um exame anticoncorrencial criterioso, pois já são as três maiores empresas do país. A Oi não comentou imediatamente o assunto, enquanto a Highline disse que não se pronunciaria.
*Com contribuição de Reuters