Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Eneva (SA:ENEV3) divulgou nesta sexta-feira carta enviada à AES Tietê (SA:TIET11) na qual reitera intenção de iniciar tratativas para fusão das operações, após a oferta da primeira, de 6,6 bilhões de reais, em dinheiro e ações, ter sido vista com hostil pela rival.
A Eneva disse que solicitou reunião no dia 16 ou 17 de março, para apresentar e debater a oferta, "bem como combinar os termos e a forma de disponibilização de informações de parte a parte, visando a negociação e eventual acordo".
Na véspera, a AES Tietê enviou carta à Eneva na qual afirma que determinados pontos da proposta parecem "incompletos" ou "não conclusivos".
Na véspera, o diretor financeiro da Eneva, Marcelo Habibe, disse em entrevista à Reuters que a empresa já mostrou disposição para explicar os méritos da proposta, que seria "boa para todo mundo", com a criação de uma "gigante de energia".
Habibe revelou ainda que a Eneva manteve desde janeiro passado conversas com a norte-americana AES Corp (NYSE:AES) para uma possível fusão das empresas no Brasil, mas que as tratativas não avançaram mesmo após reuniões nos Estados Unidos.
As dificuldades na negociação levaram a Eneva a apresentar em 1° de março a proposta de 6,6 bilhões de reais.
A proposta da Eneva, válida inicialmente por 60 dias, está agora em avaliação na AES Tietê, que disse que irá contratar assessores financeiros para ajudá-la na análise.
A Eneva controla termelétricas a gás e carvão e campos de exploração de gás, enquanto a AES Tietê tem hidrelétricas e usinas eólicas e solares, em portfólios vistos por analistas como fortemente complementares.
Mas para a AES a transação não se encaixaria no plano estratégico do grupo, que anunciou em fevereiro que pretende acelerar metas de descarbonização.
(Com reportagem adicional de Luciano Costa)