Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - A Vamos (SA:VAMO3) apresentou outro trimestre com lucro líquido recorde, de R$ 111,4 milhões, uma alta de 127,4% sobre o 3T20 e 11,3% maior que o 2T21. Este é o 13º recorde consecutivo que a empresa alcança. Os números foram publicados nesta quinta-feira, 28, após o fechamento do mercado.
“Foi o melhor trimestre da história da companhia”, afirma o CFO da Vamos, Gustavo Moscatelli. “A empresa passou por uma transformação de escala, em que todo esse benefício está começando a ser colhido nos números da companhia”.
A locadora de caminhões, máquinas e equipamentos viu o seu faturamento subir 78,7% na comparação anual, para R$ 830,3 milhões, e o Capex contratado avançou 191%, para 926 milhões. Se forem contabilizado os primeiros nove meses de 2021, o Capex chega a R$ 2,8 bilhões, uma alta de 183% sobre os 9M20. Além disso, a Vamos também tem uma receita futura contratada (backlog) de R$ 6,2 bilhões.
“A gente fez o follow on e reduzimos o endividamento e a alavancagem para 1,5x. Do ponto de vista de estrutura de capital, a companhia também se equacionou para continuar crescendo nessas taxas que estamos apresentando”, disse Moscatelli.
Outro destaque do balanço apresentado é o resultado que a BMB apresentou no trimestre. A empresa de customização de caminhões, comprada em julho, apresentou um aumento de 113,8% na receita líquida e de 167,8% no Ebitda.
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Confira os principais pontos da entrevista com Gustavo Moscatelli, CFO da Vamos.
Investing.com Brasil - Como explica essa sequência de recordes trimestrais?
Gustavo Moscatelli - Nós estamos inseridos em um mercado que ainda é incipiente no Brasil e nós somos protagonistas no desenvolvimento desse mercado, além de líderes absolutos nesse segmento. Quando as empresas conhecem o modelo de aluguel de equipamentos, elas conseguem perceber que é muito mais eficiente alugar um caminhão ou máquina do que comprar e colocar capital em um ativo que não é o business deles. O crescimento vem daí, de estarmos disseminando um modelo de negócio de locação de caminhões e máquinas no longo prazo para empresas que não conheciam isso até então. Isso, junto com uma capilaridade comercial maior, é o que traz esse crescimento em velocidade acelerada.
Inv.com - Houve um crescimento expressivo do Capex. Quais são os principais investimentos em que vocês estão apostando?
GM - A nossa estratégia de crescimento orgânico é muito clara. Então todo esse capex é destinado para a aquisição de caminhões e máquinas que têm como fim aluguéis de longo prazo com os nossos clientes. Estamos nos planejando para o ano que vem, investindo em volumes cada vez maiores para isso. Na nossa frota, cerca de 85% são caminhões, então quase que majoritariamente esse Capex é na aquisição de caminhões. Os outros 15% são para máquinas agrícolas ou de outros segmentos.
Inv.com - A situação do caixa é muito positiva. Quais são os planos para esse caixa?
GM - O caixa é voltado completamente para a aquisição de máquinas. Não temos nenhuma pressão de refinanciamento de dívidas, já que toda a nossa dívida está no longo prazo. O que nós temos de vencimentos para os próximos dois anos são menos de R$ 200 milhões. Então todo o dinheiro que nós captamos no follow-on ou nas dívidas de mercado é para investir no crescimento da companhia através da aquisição de caminhões e máquinas.
Inv.com - A BMB, de customização de caminhões, foi comprada no trimestre passado e já apresentou bons resultados. Quais são os planos para essa estratégia de verticalização do negócio?
GM - A BMB foi uma aquisição que nós fizemos no final de julho, então todo esse crescimento que ela teve no último trimestre ainda não usufruiu das sinergias que podemos ter dentro do grupo. Nós, como maior comprador de caminhões do Brasil, usufruímos bastante customização de caminhões, porque é algo exigido em quase todos os contratos com os nossos clientes. Então, a BMB é um canal adicional na geração de valor que ainda não foi explorado. Existe um potencial que ainda vai ser transparecido nos próximos trimestres mas, mesmo sem ele, a BMB já apresentou um crescimento bastante significativo. A gente ainda não tem uma previsão de quanto essa sinergia pode gerar, mas o que podemos adiantar é que mais de 80% dos caminhões que nós compramos passam por alguma customização antes de serem entregues para os clientes, e a BMB é um centro de excelência nesse serviço. Então, já podemos imaginar o potencial de sinergia só considerando os negócios da Vamos, isso sem contar o grupo como um todo.
Inv.com - Quais são as previsões para o crescimento nos próximos trimestres?
GM - Mantendo o crescimento desses últimos nove meses e observando como está se comportando esse último trimestre, devemos manter um ritmo de crescimento contínuo, o que vai fazer com que encerremos o ano com um montante de Capex de novos contratos na ordem de R$ 3,7 bilhões, o que representa 188% a mais em relação ao ano passado, quando investimos R$ 1,2 bilhão. O segundo indicador relevante é o backlog de receita, que, repetindo o ritmo de crescimento dos 9M21, deve chegar a R$ 7,1 bilhões. Essa é a base que nós construímos para o salto de crescimento que a companhia vai ter para o ano que vem. A expectativa para 2022 é uma geração de resultados ainda maior do que quando comparada com este ano. Vamos manter esse ritmo de crescimento ou mais, porque estamos aumentando a equipe comercial e as bases, até porque a indústria está prevendo para o ano que vem um recorde de produção de caminhões no Brasil e isso para gente é um prato cheio, porque quando você produz mais, você vende mais, e a alternativa para a venda é o aluguel. Então 2022 tende a ser um ano espetacular.