Por Jessica Bahia Melo
Investing.com – Com resultados robustos no trimestre, diante de uma receita líquida superior a R$1 bilhão pela primeira vez na história da companhia, o cenário é positivo para a Totvs (BVMF:TOTS3) – até mesmo para possíveis novas aquisições, na avaliação do presidente, Dennis Herszkowicz.
A Totvs é a maior empresa de desenvolvimento de sistemas de gestão do país, oferecendo também serviços financeiros e soluções para melhorar a performance empresarial.
A companhia reportou um lucro líquido consolidado de R$ 155,8 milhões no terceiro trimestre de 2022, número 75,2% maior do que os R$ 88,9 milhões registrados no mesmo período do ano passado. A alta da receita líquida foi de 26,3% na mesma base, para R$ 1,04 bilhão.
Herszkowicz afirma que a meta para os próximos trimestres é continuar na busca do equilíbrio entre crescimento e rentabilidade. Além disso, a empresa ainda busca tornar mais robustas as sinergias com suas adquiridas, visando, nas suas três dimensões – gestão, business performance e Techfin - uma “oferta totalmente integrada, interligada e interdependente”, conforme apontou o presidente.
Os M&As não param. Em março deste ano, a Dimensa, joint venture da Totvs com a B3 (BVMF:B3SA3), comprou o Vadu, plataforma de soluções de automação, análise de crédito e monitoramento de carteira. Em agosto, a controlada RD Station celebrou contrato para adquirir a Tallos Tecnologia, startup com soluções para descomplicar o atendimento digital. A RD (BVMF:RADL3), por sua vez, que elabora programas de automação de marketing digital, foi comprada pela Totvs em 2021. Em setembro deste ano, a Totvs anunciou a aquisição de uma participação de 60% na Feedz, voltada a softwares de gestão de desempenho.
Em outubro, a Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a Joint Venture entre a Totvs Techfin e o Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4). O objetivo da companhia é ampliar e simplificar o acesso a serviços financeiros personalizados e totalmente integrados aos sistemas de gestão.
Confira abaixo a entrevista exclusiva do Investing.com Brasil com o presidente da Totvs.
Investing.com – A receita líquida atingiu R$1,047 bilhão no período, o que impulsionou resultados?
Herszkowicz – Acho que foi uma combinação de uma boa performance de crescimento da receita, principalmente da receita recorrente na dimensão de gestão. Também na dimensão de Business performance e um resultado que foi realmente muito, muito, muito forte mesmo na receita de Techfin.
Na medida em que o nosso modelo de negócios é um modelo muito escalável e rentável, quando há uma performance de receita muito forte como a gente teve nas três dimensões, acaba tendo também é uma rentabilidade muito boa. Então é a combinação da receita crescendo num ritmo muito bom nas três dimensões e, por consequência, uma margem de contribuição muito positiva também.
Inv.com – O cenário ainda é favorável para novas aquisições? Por quais motivos?
Herszkowicz – Eu acho que sim. Acho que, pelo menos para nós, continua um cenário positivo. A gente tem uma situação de caixa, um balanço muito, muito positivo, a melhor situação do mercado de tecnologia brasileiro. E a gente vê que as empresas, até mesmo por estarem no momento mais difícil, estão mais disponíveis, mais abertas para conversarem. E os próprios preços também vem caindo. Então, tudo isso faz com que o ambiente siga positivo para a gente poder continuar na nossa execução de M&As.
Inv.com – E em relação às últimas aquisições, como está o processo de encontrar sinergias com elas?
Herszkowicz – Segue no ritmo que a gente tinha planejado. As mais antigas, naturalmente, já têm um grau de sinergia bastante grande. Quando a gente olha, por exemplo, para a Supplier que a gente comprou, no começo de 2019, a gente já tem, por exemplo, quase 60% do pipeline de novos afiliados vindos da estrutura de clientes da Totvs, um sinal muito evidente dessa sinergia que está sendo extraída agora. As aquisições mais recentes, como por exemplo a Feedz, ainda estão no estágio inicial, de começar pelas sinergias administrativas financeiras e depois caminhar para um grau de sinergia comercial, e até mesmo de produto e tecnologia, maior.
Inv.com – Como vai se dar a parceria com o Itaú e quais os próximos passos para realização?
Herszkowicz – Nós tivemos a aprovação formal, sem restrições do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na semana retrasada. Para a gente conseguir o fechamento efetivo da transação, falta a aprovação do Banco Central, que está no caminho normal dela, não tem nada fora do esperado. Uma vez que essa aprovação aconteça, a gente consegue, então, fazer o fechamento. Na medida em que o Cade aprovou, a gente agora já tem liberdade para estar com um grau de discussão, planejamento e decisões com o Itaú que a gente, até essa aprovação, não tinha. Então isso está nos dando a capacidade de avançar numa velocidade diferente da que a gente estava até essa aprovação.
Inv.com – A empresa realizou recentemente uma emissão de debêntures. Qual foi o objetivo e a companhia pretende fazer alguma outra captação no curto prazo?
Herszkowicz – Na verdade, essa emissão nada mais foi do que a troca de uma emissão anterior que estava com um custo um pouquinho mais alto e um prazo mais curto. A gente fez a emissão para a trocar por um prazo mais longo e uma taxa mais baixa. O que significa que não, não temos nenhuma previsão de outra emissão.
Inv.com – Quais os focos da companhia para 2023 e qual mensagem deixa aos investidores e ao mercado?
Herszkowicz – Acredito que o foco vai ser continuar na busca do equilíbrio entre crescimento e rentabilidade, que é algo que a gente vem conseguindo entregar nos últimos anos. Mas do ponto de vista estratégico, o mais importante vai ser a gente continuar nesse trabalho de ganho de integração. O que mais faz sentido é que gestão, Techfin e Business Performance sejam realmente uma oferta totalmente integrada, interligada e interdependente. A gente ainda não está nesse ponto. O foco para 2023 e muito provavelmente para 2024 vai ser exatamente esse.
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