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ENTREVISTA: Nascida no interior, RNI aposta nas regiões do agro para crescer

Publicado 26.08.2021, 15:55
Atualizado 26.08.2021, 16:10
© Reuters.

Por Ana Julia Mezzadri

Investing.com - “Nascida e criada no interior do Brasil”, a RNI (SA:RDNI3) é o braço imobiliário do Grupo Rodobens, empresa com forte atuação nos setores financeiro, de varejo automotivo e imobiliário.

Apesar de vir enfrentando, como todo o mercado imobiliário, desafios relacionados a custo e escassez de materiais, a companhia aposta em seu posicionamento no interior do Brasil como diferencial para seguir crescendo. 

E parece vir dando frutos: no primeiro semestre de 2021, a incorporadora registrou seu melhor desempenho nos últimos cinco anos, com lucro líquido de R$ 8,4 milhões.

Em relação à performance da ação, a companhia passou a apresentar recuperação em abril desde ano, após forte baixa nos primeiros três meses de 2021. Em agosto, no entanto, o desempenho do papel é de -3,39%.

Às 15h20 desta quinta-feira, a ação tinha baixa de 1,72%, negociada a R$ 11,98, na mesma direção do Ibovespa, que perdia 1,3%.

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Confira a seguir a entrevista completa com Carlos Bianconi, CEO da RNI.

Investing.com - Como foi o crescimento da RNI até aqui e onde vocês se encontram atualmente?

Carlos Bianconi - A RNI é uma companhia com 30 anos de existência. Pertence a um grupo empresarial, o Rodobens, que tem mais de 70 anos e já está na segunda geração da família. E o nosso grupo empresarial nasceu e cresceu no interior do Brasil. Somos uma empresa que originou suas atividades bem vinculada às regiões do agro, daí a nossa característica de atuarmos muito fora do eixo Rio de Janeiro - São Paulo - Belo Horizonte - Brasília, que é onde há alguns cenários mais calorosos em termos de concorrência. Temos conseguido evoluir bastante nesse mercado.

A companhia, originalmente, começou para a construção de galpões para as revendas de caminhões Mercedes Benz em todo o Brasil. O grupo é o maior distribuidor de caminhões e veículos Mercedes Benz no Brasil e na Argentina, e também um dos maiores distribuidores de veículos Toyota em todo o Brasil. 

No momento, há 30 anos, precisávamos de um desenvolvimento muito mais rápido. A criação de novas revendas estava expandindo, e na época foi criado um departamento de engenharia, e foi aí que nasceu a RNI. Uma vez construídos todos os galpões, todos os prédios para a instalação das revendas, começamos a focar no imobiliário. 

Começamos com a construção de alguns prédios em Cuiabá, São José do Rio Preto, e Belém do Pará, e depois nós segmentamos o mix de produtos para atuação no econômico e baixa renda. O nome Minha Casa Minha Vida surgiu da RNI. Era um produto nosso. Em 2008, depois do IPO da companhia, surgiu a necessidade da criação de um programa governamental, que foi o Minha Casa Minha Vida. Na época foi convencionado que nós cederíamos a marca a título não oneroso. E a partir daí potencializamos o nosso crescimento. Produzimos por volta de 65 mil unidades dentro do programa, foi um crescimento muito forte. 

Saímos do programa e, de 2014 até 2016, atuamos nos segmentos de média e alta renda, justamente em um momento em que o distrato estava arrebentando com todas as empresas. Fizemos muitas discussões internas e achamos por bem voltar para aquilo que sempre fomos. Entendemos que o que conseguíamos fazer melhor era produzir unidades habitacionais de econômico e baixa renda. Voltamos para o programa Minha Casa Minha Vida.

Então resolvemos resolvemos revisitar nossas regiões e analisando vimos o seguinte: o grupo nasceu e cresceu no interior do Brasil, nas regiões do agro. Fizemos um grande levantamento dessas regiões e elegemos as cidades onde manteríamos os nossos projetos e deixaríamos de atuar em outras regiões. Os pré-requisitos que nos levaram a identificar quais eram as cidades que mereciam a continuidade dos nossos projetos foram: primeiro, onde já tínhamos feito algum projeto na existência da RNI. Segundo, onde o grupo tinha ponto de presença, a marca Rodobens já era conhecida e já tinha uma reputação no mercado. E terceiro, que as cidades eleitas permitiriam no mínimo um projeto por ano sendo lançado.

Isso facilitou a construção de um landbank 100% permuta. Todos os nossos terrenos são permutados. Também vale ressaltar que temos uma ferramenta mercadológica e uma ferramenta de vendas, que é o nosso e-commerce, muito bem montado. Ele é atrelado inclusive a essas questões geográficas. 

Temos um ambiente positivo. Temos um aumento de custos no Brasil, mas já estamos acomodando isso tudo no nosso mix de produtos. Quando nós voltamos para o programa Minha Casa Minha Vida, e depois Casa Verde e Amarela, tivemos o cuidado de voltar sempre na faixa 3. Assim, nosso produto se enquadra dentro e fora do programa. 

Enfim, essa é uma visão geral da nossa companhia, de onde viemos, porque viemos e para onde a nossa estratégia está nos movimentando, e o que vemos de mercado e de oportunidades. 

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Inv.com - Vocês têm tido crescimento trimestre a trimestre. Quais são os principais fatores por trás dessa melhora nos resultados?

CB - Eu atribuiria a quatro fatores. O primeiro fator é uma questão existencial. Estamos no interior do Brasil e não temos pretensão de ir para grandes capitais. Temos as nossas regiões, a nossa habilidade e o nosso networking com toda a população onde o grupo cresceu. 

Segundo ponto: sempre fomos muito aficionados por tecnologia. Fomos a primeira empresa a trazer forma de concreto para o Brasil. E essa tecnologia se estende para TI. Sempre tivemos a pretensão de ter um e-commerce. Antes mesmo de surgir a discussão da pandemia, já vínhamos desenvolvendo uma plataforma tecnológica. Quando a pandemia chegou no Brasil resolvemos dar uma última acelerada. Vínhamos com 5% dos produtos dentro da plataforma tecnológica. Lançamos dois projetos através da plataforma digital e vendemos bem, muito acima do que esperávamos. Pretendemos evoluir, já temos projetos sendo rascunhados. A nossa companhia pode ser um marketplace, podemos vender o que temos e o que não temos. Esse projeto ainda necessita de uma série de estudos, mas pretendemos ser um marketplace. 

O terceiro ponto: temos uma otimização de processos muito forte. Utilizamos pouco braço e muito mais tecnologia. Porque em 2006, 2007 e 2008 fizemos o mapeamento de todos os processos e enxergamos, sempre que possível, em vez de colocar braços, deveríamos criar um robô. Temos um grande índice de robotização de processos na companhia. 

E o quarto ponto é o seguinte: hoje focamos muito na excelência dos projetos. Porque o saco de cimento custa o mesmo para todo mundo. Onde está o grande diferencial? Na inteligência dos projetos. Estamos tendo discussões muito fortes aqui dentro, de revisão de projeto e de produto o tempo todo, para encontrar a melhor equação. O segredo do projeto, resumindo, é que o que construímos tem que ser vendável. Não podemos fazer nenhum cantinho, seja de um centímetro, que não tenha valuation, que não esteja no preço do produto. Então eu resumiria a RNI nesses pontos que eu procurei trazer para você.

Inv.com - Quais são as principais apostas de crescimento para os próximos trimestres? No que vocês estão investindo mais?

CB - Nós não damos guidance, nem de lançamento e nem de resultado. Nós realizamos no primeiro semestre R$ 400 milhões em lançamentos e R$ 432 milhões em vendas brutas. Vendas líquidas um pouco menos, faz parte do ajuste do mix de produtos e estornos de vendas. No ano passado, lançamos R$ 586 milhões e vendemos R$ 550 milhões, mais ou menos. Projetamos um segundo semestre nas mesmas proporções do primeiro semestre, tanto em vendas quanto em lançamentos. Imaginamos manutenção ou até crescimento. 

Estamos vendo um ambiente de vacinação muito positivo, está evoluindo muito, também nas cidades em que atuamos. Automaticamente, o ambiente macroeconômico local acaba ficando mais positivo. Estamos contando muito com isso. Dentro das regiões em que estamos, imaginamos que vamos ter crescimento em vendas e em lançamentos. Mas, sempre deixando claro, não damos guidance.

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Inv.com - Quais foram os principais impactos da pandemia na companhia?

CB - Eu dividiria a pandemia em duas etapas: a primeira fase, que foi de março do ano passado até setembro, foi um período em que faltou muito material e tínhamos que estar exacerbadamente cautelosos no que tange segurança e questões sanitárias. Diminuiu muito o ritmo da companhia em evolução de obras e até em algumas aprovações, porque as instituições também estavam muito recuadas, e com razão. Tivemos uma diminuição da velocidade. 

A partir de setembro, começamos a ver um ambiente mais seguro. O Brasil deu até uma relaxada, mas continuamos muito focados no que tange a segurança das pessoas, tanto funcionários quanto clientes e parceiros. Acabamos evoluindo mais, iniciamos um grande número de obras e finalizamos algumas obras que tínhamos começado em 2018. 

Aí começou o problema da subida de custos. De outubro do ano passado para cá, começaram a subir os preços. Começou pelo concreto, depois entrou o aço, o PVC, toda a parte plástica, cobre… Tivemos um problema de, junto com o desabastecimento, a subida de preços. Não prejudicou o ritmo de obras, porque somos sempre conservadores em tudo. Desenhamos o projeto no ambiente mais ácido possível para que, caso haja algum problema, fiquemos dentro da normalidade. Conseguimos andar dentro da normalidade, e no primeiro semestre conseguimos até 20% de produtividade em relação ao dimensionamento, justamente por termos desenhado um cenário bem terrível nesse semestre. No segundo semestre eu acho que vamos saindo, com muita segurança e muita cautela

Pelas cautelas e cuidados que tivemos e temos com a pandemia, fomos eleitos uma empresa Covid free pelo IBES, que é o Instituto Brasileiro de Excelência em Saúde. É uma avaliação importante, porque mostra que nossos canteiros são muito bem dirigidos, com todas as cautelas. Os ambientes de venda também. Apesar de termos o e-commerce, no final do dia o cliente sempre quer dar uma olhada para sentir o ambiente. Oferecemos toda essa experiência virtual, mas nada como chegar ali, abrir a porta do decorado e ver como vai ser a unidade habitacional dele.

Inv.com - Como você vê a performance do setor imobiliário na bolsa? O que você espera para as ações e o que você acha desse tipo de investimento?

CB - O real estate, de maneira geral, sempre foi um ambiente seguro para investimento. Seja para o cliente final, seja para quem tem um dinheiro e quer investir no mercado de capitais. Ele é similar a uma commodity. Está tendo um ajuste, estamos tendo um ambiente ácido na bolsa de valores, movido por dois pontos, basicamente: custos de materiais e elevação de juros. Os nossos projetos já previam isso desde o início do ano passado, as nossas taxas sempre estiveram entre 5% e 8%. Porque o nosso cliente encara esse tipo de taxa. Isso também nos leva a acreditar muito no setor. 

O setor está descontado, obviamente, e a RNI também é uma empresa que está descontada. No segundo semestre vamos ter a regularização do fornecimento de materiais. Os preços, do aço principalmente, já começaram a ter uma conotação diferente. A China já começou a se posicionar negativamente no que tange à absorção de todo o aço do planeta, tem um monte de coisas acontecendo aí. 

Eu não falo de quem quer fazer day trade, aí realmente não é o ambiente, mas para quem pensa em médio e longo prazo é a melhor opção. Tem um para ganhar dinheiro comprando e depois receber dividendo.

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