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ENTREVISTA: S&P 500 bate novo recorde? Avenue espera normalização no fim de ano

Publicado 27.11.2023, 17:00
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Investing.com – Os mercados acionários americanos apresentaram forte valorização no mês de novembro, mas podem passar por uma estabilização no mês de dezembro. É o que espera William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, que falou ao Investing.com Brasil sobre o cenário esperado para as bolsas dos Estados Unidos, com a expectativa de que, com a pausa nas altas nas taxas de juros americanas, o Federal Reserve ainda não “feche a porta”, demonstrando que pode entrar em ação novamente se a inflação demonstrar que mais restrição na política monetária é necessária.

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Com esse cenário, o especialista não espera grandes saltos nas empresas de tecnologia, que estariam precificadas à perfeição, mas pondera que as tendências são favoráveis com balanços de companhias em destaque, notadamente algumas big techs.

Neste final de ano, ainda rondam incertezas e preocupações sobre a política monetária restritiva dos EUA, assim como a desaceleração econômica na China e os impactos econômicos causados pela guerra entre Israel e o Hamas.

Confira a entrevista na íntegra.

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Investing.com – Quais fatores tendem a movimentar os mercados globais no final deste ano e em 2024?

William Castro Alves – Do lado positivo, tivemos primeiros dados de Black Friday, mostrando vendas que foram maiores do que o mercado estava esperando. É grande a expectativa de hoje para Cyber Monday, onde se vende mais do que na Black Friday. Essas datas são como um termômetro para aquilo que a gente pode esperar para essa temporada, de vendas agora de final de ano. Apesar de tudo, com inflação alta, de taxa de juros elevada, o consumidor americano está comprando isso é extremamente relevante para uma sociedade em que, do PIB, 70% é consumo.

No restante, há diversos indicadores do lado negativo, na semana passada teve as vendas de casas existentes mostrando uma tendência para baixo, imaginamos que isso aqui continue. Preços de casas não caem, e tivemos o indicador de Michigan, de expectativa de inflação.

Powell vai falar na sexta-feira e na quinta-feira, vamos conhecer os dados do Índice de Preços PCE, então é uma semana muito relevante para a inflação.

Tivemos uma queda de juros longos que animou o mercado, quando o Fed mencionou os efeitos anteriores de alta e da política monetária contracionista sobre a economia como um todo, o mercado entendeu que não haveria mais altas nos juros. De lá para cá, juros vieram para baixo e vimos os ativos de risco performando bem, só que expectativas inflacionárias ainda estão elevadas.

Inv.com – Por quanto tempo acredita que os juros ficarão elevados nos EUA? Quando o corte de juros começa?

Alves – O majoritário do mercado aqui avalia que os juros se mantêm elevados e devem cair lá em maio. Ninguém mais fala em aumentar juros no mercado. Será mesmo? Eu acho que maio ainda é um pouco prematuro. Os indicadores econômicos têm surpreendido na ponta negativa, o que tende a ser bom para controle de inflação e, consequentemente, abre espaço para cair juros, mas eu particularmente não acredito que esses juros caiarão tão rapidamente.

Avalio que o banco central americano errou na leitura inicial de inflação dele. Quando imaginava que era uma inflação passageira e depois teve que correr atrás, aumentando muito rapidamente e fortemente os juros. Eu acho que a leitura vai ser de vai tentar não errar agora e realmente se livrar da inflação de uma vez por todas para, daí sim, de fato, baixar juros.

Assim, eu espero queda de juros no segundo semestre, não em maio. Além disso, para a próxima reunião, esperamos manutenção. Muita gente já vem questionando se o Fed já fecha a porta para possíveis novos aumentos, e eu acho que não, que não vai mudar em nada a comunicação, reforçando que ainda pode os subir juros, indicando que a inflação não está controlada.

Inv.com – Acredita que o S&P 500 vai bater recorde de pontuação?

Alves – O mercado de renda variável, em geral, já subiu bem, já em novembro, foram 10%. Coisa pra caramba e um único mês. Por outro lado, será que tem mais espaço para subir? Poxa, já subiu bastante, é bem relevante, talvez acomode aí. A gente ainda está num patamar bom assim e tem espaço para subir mais, mas eu tenho alguns receios em relação a isso, eu acho que estamos em um patamar de resistência importante e o mercado tende a respeitar isso. Depois, com a alta forte agora de novembro, então, eu acho que acomoda um pouco.

O normal seria parar para respirar um pouco depois das fortes altas que a gente viu. Mas os resultados mostraram números fortes, muitas revisões de guidance de lucro, o mercado já estaria atuando em patamares de certa ganância. Então, a meu ver, o normal seria meio que acomodar um pouco em dezembro, com mercado mais de lado, mas sem necessariamente um grande motivo para uma forte realização. Mas tradicionalmente dezembro é um mês positivo.

Inv.com – Com esse cenário, as ações fora de tecnologia vão começar a ter maior impulso?

Alves – É um setor que as ações estão meio “price perfection”, ou seja, precificadas à perfeição. Agora, é bem verdade também que elas têm entregado resultados fantásticos. Se olha o resultado da Nvidia, por exemplo, foi muito bom. Se olha o resultado da Apple (NASDAQ:AAPL), foi bom, com algumas críticas. Microsoft (NASDAQ:MSFT) foi excelente, a Amazon (NASDAQ:AMZN) deu um gás, mas teve um resultado bom, então acho que é um pouco por aí. Elas têm conseguido entregar os resultados.

Então, se por um lado elas tão precificadas à perfeição, por outro, têm conseguido entregar entregue resultados que são próximos da perfeição. E elas são, de fato, empresas muito boas, muito sólidas e tudo mais. Eu acho que a discussão é mais sobre o quanto de margem de segurança, o quanto de espaço tem para você ganhar mais investindo nessas ações.

Tenho certas dúvidas, certos receios. Eu acho que tem pouco espaço, especialmente, levando em conta uma taxa de juros elevada que temos atualmente. Então o que a gente tem indicado: Como muitas vezes é difícil fazer o stock picking nessas ações se elas continuarem subindo, se tiver um ETF como do Nasdaq, que as contemple, deve continuar se beneficiando. Recomendamos fazer o stock picking com outras ações, fora dessas big techs.

Inv.com – Quais setores podem ter destaque no final deste ano e ano que vem?

Alves – O ano de 2023 foi um período muito de bater na tecla da renda fixa, essa que é verdade. O investidor brasileiro é acostumado a investir em renda fixa, ele gosta, prefere renda fixa, então, digamos que é mais fácil ofertar para ele produtos de renda fixa porque ele tem medo de bolsa. Mas, por outro lado, estamos com as maiores taxas de juros dos últimos anos. A renda fixa continua válida, com a ideia do higher for longer, que pode beneficiar. Ainda é uma classe de ativos atrativa para travar uma taxa de dólar mais 4,5%, que ainda se mostra um investimento interessante, quando olhamos o histórico.

E, considerando o cenário de bolsa, acredito que o investidor tem que ter uma cabeça mais a médio, longo prazo. E para quem tem isso, mercados, que foram muito penalizados por conta dos juros podem vir a se beneficiar em 2024. É o que a gente acredita.

Então citar o exemplo, por exemplo, dos fundos imobiliários, que estão nas mínimas ou perto de mínimas ainda, o mercado de utilities, que é um setor que tende a ser mais resiliente. Se, de fato, a gente tiver uma recessão nos Estados Unidos ou houver uma desaceleração mais forte na economia americana, alguma coisa de farmacêutico que não foi tão bem esse ano, alguma coisa de consumo básico, são alguns que podem performar bem.

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