Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A Estácio Participações (SA:ESTC3) abriu neste ano turmas de ensino médio em oito unidades do grupo localizadas no Rio de Janeiro, dando a largada em um projeto piloto para expandir as operações além dos cursos de graduação e pós-graduação presenciais e à distância.
"Colocamos em pé essa nova unidade de negócio que terá crescimento 100 por cento orgânico... Temos toda a estrutura, então investimos apenas em professores e inspetoria, o que entrar vai ser receita incremental", afirmou à Reuters o presidente da segunda maior empresa de ensino superior do país, Pedro Thompson.
Além de desenvolver atividades que agreguem receita, a companhia busca com a abertura de turmas de ensino médio otimizar a ocupação dos campi, que segundo o executivo gira em torno de 20 a 25 por cento nos períodos matutino e vespertino, e de 75 a 80 por cento no noturno.
"Estamos plantando a semente para daqui a cerca de dois anos transformarmos esse negócio em uma unidade parruda", comentou o executivo, acrescentando que o plano do grupo é também ingressar futuramente nos ensinos fundamental e infantil.
Por ora, a Estácio disponibilizará ensino médio convencional e profissionalizante em oito unidades no Rio de Janeiro, Grande Rio e Cabo Frio, tendo como foco alunos da classe C ao cobrar um tíquete médio de 600 a 700 reais.
Às 13:53 (horário de Brasília), as ações da Estácio subiam 1,2 por cento, cotadas a 33,71 reais, enquanto o Ibovespa tinha variação positiva de 1,2 por cento. Em 2018, as ações da empresa acumulam ganho de quase 3 por cento.
A entrada da companhia em educação básica ocorre num momento em que a rival Kroton Educacional (SA:KROT3) busca crescer nesse fragmentado segmento via aquisições de escolas premium com mensalidades de 1.200 reais ou mais.
Dentro da estratégia de crescimento orgânico da Estácio, Thompson afirmou que o grupo se beneficia do novo marco regulatório para abertura de polos EAD - foram protocolados aproximadamente 150 novas unidades entre 1º julho e 31 de dezembro de 2017 - e ainda pretende retomar a abertura de novas unidades presenciais de ensino superior.
"Já temos 10 projetos em greenfield e a ideia é engordar o pipeline...Ficamos tímidos nisso por questões exógenas", disse o executivo, referindo-se ao processo de fusão com a Kroton, rejeitado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 28 de junho do ano passado.
Conforme Thompson, o acordo manteve a companhia focada desde o segundo semestre de 2016 em melhorar gestão operacional, elevando margem Ebitda e geração de caixa. Agora a empresa iniciou uma segunda etapa de consolidar os resultados obtidos e adotar decisões para melhorar a performance de longo prazo, disse o presidente.
Essa nova fase da Estácio pode ser sucedida por movimentos de consolidação no setor. "Acho difícil no curto prazo fugirmos de aquisições em ensino superior", contou Thompson, destacando que a empresa deve se concentrar em acordos envolvendo instituições com mais de 20 mil alunos.