Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A JBS (SA:JBSS3) Biodiesel, unidade de biocombustível da gigante global de carnes JBS, investirá 5,5 milhões de reais para agregar gorduras de frango e suínos na produção de biodiesel, como forma de ampliar a matriz de suas matérias-primas, de olho no crescimento do mercado brasileiro do combustível renovável.
A divisão de biodiesel da JBS, que está entre as dez companhias do setor no Brasil e que fatura cerca de 700 milhões de reais ao ano, prevê produzir no biênio 2018-2019 em torno de 500 milhões de litros, na esteira de um aumento da demanda pela maior mistura obrigatória no diesel (B10) a partir de março e também com o impulso no consumo pela recuperação da economia.
Com essa meta, a companhia poderia produzir 250 milhões de litros em 2018 e o restante no ano que vem, o que representaria um crescimento anual de quase 20 por cento ante 2017, quando produziu 210 milhões de litros, afirmou o diretor da JBS Biodiesel, Alexandre Pereira, em entrevista à Reuters.
Atualmente, a JBS utiliza predominantemente o sebo bovino como matéria-prima para a produção de biodiesel nas suas duas unidades em Lins (SP) e Campo Verde (MT), além de óleo de fritura.
Apesar da expectativa de crescimento da produção e do mercado, ele ressaltou que o nível de aumento da fabricação da divisão de biodiesel da JBS, com capacidade autorizada de quase 310 milhões de litros, dependerá das margens de lucro.
"A nossa preocupação maior é trazer rentabilidade para o negócio, a nossa busca por volume vai acontecer naturalmente, à medida que tenhamos rentabilidade. A nossa preocupação é com margens, às vezes o volume não traz a margem desejada", declarou Pereira, que está perto de completar sete anos na companhia.
Do total de biodiesel produzido pela JBS, 25 milhões de litros foram feitos a partir do óleo de fritura, obtido por meio do programa de coleta Óleo Amigo e também por compra de terceiros --em todo o país, a produção a partir dessa matéria-prima somou 45 milhões de litros.
A JBS Biodiesel bateu recentemente seu recorde de venda do combustível no primeiro leilão para a mistura B10 --10 por cento de biodiesel no diesel, que substituirá o B8-- e comercializou 50 milhões de litros.
"Estamos muito otimistas em relação à nova demanda gerada pelo B10, que gera aumento de 25 por cento na demanda, isso traz um alívio para o produtor de biodiesel no Brasil, que realmente estava sufocado com oferta muito superior à demanda", disse o executivo.
Ele lembrou que a demanda pode aumentar ainda mais, além daquela relacionada à mistura obrigatória maior, em razão da recuperação da economia, que acaba tendo impacto no combustível mais consumido no país, o diesel.
Somente com a introdução do B10, a demanda estimada por biodiesel no Brasil, fabricado majoritariamente a partir de óleo de soja (entre 75 e 80 por cento), deve aumentar em 1 bilhão de litros em 2018, para mais de 5 bilhões de litros.