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ENTREVISTA-Simpar prepara internacionalização, mira EUA e Europa

Publicado 18.07.2022, 15:08
© Reuters. Vista de fachada de loja da locadora de veículos Movida, da Simpar. 6/2/2017. REUTERS/Paulo Whitaker
SIMH3
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Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - A Simpar (BVMF:SIMH3), holding dos grupos de logística Movida (BVMF:MOVI3), JSL e Vamos, está preparando sua entrada em mercados dos Estados Unidos e Europa, como parte de um processo de diversificação geográfica e de receitas.

"Nos próximos quatro a cinco anos, pretendemos ter cerca de 35% das nossas receitas com outras moedas", disse à Reuters o presidente-executivo da Simpar, Fernando Simões, em entrevista na sede da companhia, em São Paulo. "A diversificação de moedas faz parte da nossa governança."

Os comentários indicam o novo foco do grupo criado em 1956 como empresa de transportes rodoviários e que na última década se expandiu via aquisições para setores tão diversos quanto locação e revenda de veículos leves e pesados, concessões de infraestrutura, reciclagem de resíduos e serviços financeiros.

Só no último ano e meio a Simpar comprou 18 empresas, o que espera ajudar na sua meta de expandir receita bruta em 135% do ano passado até 2024, a 35,5 bilhões de reais.

Simões, filho do fundador do grupo, afirmou ver grandes oportunidades para a companhia seguir crescendo no Brasil via aquisições especialmente pelas divisões de transportes pesados - concentrados na JSL - e a de concessionárias de veículos - sob guarda-chuva da Automob.

Para o executivo, o cenário adverso do mercado de transporte de cargas no país, agravado com os altos custos dos combustíveis e baixa atividade econômica, tem aproximado empresas médias e pequenas de grupos com maior musculatura financeira. Com isso, a JSL comprou seis rivais menores nos últimos dois anos.

Um processo similar deve acontecer nos próximos anos no setor de concessionárias de veículos leves, disse Simões, segmento no qual a Automob detém somente 0,2% do mercado, mesmo sendo uma das maiores do país. Em mercados mais maduros, a fatia de mercado do líder oscila entre 7% e 9%. "Ninguém fez consolidação nesse segmento ainda no Brasil e nós temos estrutura para isso", disse ele.

A Automob, inclusive, é a que o executivo enxerga com maiores chances de ser a quarta das sete unidades de negócios do grupo a ser listada em bolsa. "É a que tem hoje mais tamanho para uma operação dessas", disse Simões, referindo-se a uma potencial oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), mas sem revelar quando isso poderia acontecer.

A última do grupo a estrear na B3 (BVMF:B3SA3) foi a locadora de caminhões e máquinas pesadas Vamos, em janeiro do ano passado, com uma operação de 1,2 bilhão de reais.

PERENIDADE DO NEGÓCIO

Tendo reduzido o nível de alavancagem financeira mesmo com um processo acelerado de aquisições - a dívida líquida em relação ao Ebitda caiu de 5 para cerca de 3 vezes no fim de março passado - e mantido um caixa de 11,6 bilhões de reais, Simões avalia que a Simpar está pronta para fazer suas primeiras incursões em mercados de moeda forte, como dólar e euro. Ele, porém, declinou de dar detalhes sobre prazos. "Estamos tendo alguns namoros", afirmou o executivo.

© Reuters. Vista de fachada de loja da locadora de veículos Movida, da Simpar. 6/2/2017. REUTERS/Paulo Whitaker

Para profissionais do mercado, considerando que os resultados operacionais do conglomerado devem seguir robustos nos próximos trimestres, as atenções dos investidores devem se concentrar nas sinalizações da companhia em relação à alocação de capital e alavancagem financeira, escreveu o BTG Pactual (BVMF:BPAC11) em relatório na semana passada.

Na sexta-feira, a agência de classificação de risco Fitch elevou o rating de crédito em moeda estrangeira da Simpar, de BB- para BB (BVMF:BBAS3), citando a estrutura de custos e a receita baseada em contratos de longo prazo para a maioria dos negócios, o que reduz a sensibilidade aos ciclos econômicos no Brasil.

Esse conjunto, no entanto, não protegeu a ação da Simpar do pessimismo do mercado em relação às ações brasileiras. Mesmo com todos os 14 analistas que cobrem o papel da companhia atribuindo recomendação de compra ou "outperform", o ativo acumula queda de 21% em 2022 até sexta-feira passada, ante recuo de 8% do Ibovespa no período.

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