A queda acentuada recente nas ações do Credit Suisse (SIX:CSGN) está colocando as regulações bancárias da Europa à prova. Os problemas no banco suíço levaram funcionários do Banco Central Europeu (BCE) a ligar para as instituições que supervisionam para perguntar sobre sua exposição ao Credit Suisse, segundo fontes.
Depois que as ações do Credit Suisse desabaram mais de 30% ontem, os temores dos investidores sobre contágio levaram a uma derrocada no mercado que eliminou quase US$ 75 bilhões no valor das ações de bancos europeus, de acordo com uma análise da Dow Jones Market Data.
Investidores estão preocupados com o fato de os bancos europeus serem intimamente interligados, disse o diretor de investimentos do Bank Syz, Charles-Henry Monchau. Isso amplia o risco de que o colapso de uma instituição possa derrubar outras. "Sempre há alguns efeitos cascata", afirmou Monchau. "Vimos crises financeiras no passado. Começa com um player mais fraco afetando um player grande, e um player grande afetando todos os outros. Acho que essa é uma das razões pelas quais o mercado está em pânico."
Bancos são obrigados a ter ativos líquidos suficientes para cobrir 100% das necessidades de caixa estimadas por um mês durante uma crise - como uma onda de clientes repentinamente sacando seus depósitos. Só assim os bancos atendem o padrão legal de ter o chamado índice de cobertura de liquidez (LCR, da sigla em inglês) de pelo menos 100%.
Os índices de cobertura de liquidez dos bancos da Europa também são muito mais que os americanos, segundo a Autonomous Research. O grupo analisou os dados do terceiro e quarto trimestres de 11 grandes bancos americanos - entre eles JPMorgan (NYSE:JPM) Chase, Bank of America (NYSE:BAC) e Citigroup (NYSE:C) - e 33 bancos europeus, incluindo HSBC, Barclays (LON:BARC) e UBS. Os bancos da Europa tiveram um índice médio de 165%, enquanto o grupo dos EUA teve um índice médio de 118%, disse a Autonomous em nota esta semana.
Além disso, alguns bancos regionais dos EUA estão protegidos da regra de liquidez, devido a uma mudança de 2018 pelos reguladores implementada pelo Federal Reserve que se aplica a credores com ativos abaixo de US$ 250 bilhões. O Silicon Valley Bank (SVB) foi um deles.
Enquanto isso, os bancos europeus possuem menos títulos do que os bancos dos EUA e, portanto, não são tão vulneráveis às oscilações das taxas de juros, disse a Moody's. Um aumento historicamente acentuado nas taxas de juros - adotado pelo Fed e por outros bancos centrais para domar a inflação - desvalorizou títulos no ano passado, um fator que desencadeou preocupações dos investidores sobre o valor dos ativos do SVB.