Eventual parceria da Petrobras com BP em Bumerangue dependeria de índice de CO2, dizem fontes

Publicado 06.08.2025, 16:06
Atualizado 06.08.2025, 16:10
© Reuters. Logo da Petrobras na sede, no Rio de Janeiron16/10/2019nREUTERS/Sergio Moraes

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4), uma eventual parceira para a BP desenvolver a descoberta e a produção de petróleo no bloco Bumerangue, avaliaria com cautela a possibilidade de uma sociedade na área devido a indícios de elevada concentração de dióxido de carbono, segundo três fontes na companhia estatal.

A descoberta no pré-sal da Bacia de Santos foi anunciada na última segunda-feira pela companhia britânica como a maior no mundo em 25 anos. E, no dia seguinte, o CEO da petroleira, Murray Auchincloss, afirmou que a BP certamente tentará trazer em algum momento um parceiro para o bloco de Bumerangue.

Executivos da Petrobras observaram, na condição de anonimato, que a própria BP citou no anúncio que Bumerangue -- onde foi encontrada uma expressiva coluna de hidrocarbonetos de 500 metros -- tem volumes elevados de CO2, segundo os primeiros resultados obtidos.

Dependendo do volume de CO2, isso pode inviabilizar economicamente a descoberta, afirmam especialistas. Embora o chefe de produção e operações da BP, Gordon Birrell, tenha dito na terça-feira que não está "particularmente" preocupado com os níveis de dióxido de carbono no bloco, a questão deixou integrantes do mercado mais cautelosos.

"No anúncio a BP não diz a quantidade, mas já põe um disclaimer dizendo que tem muito CO2 associado. Você pode imaginar, né? Nós temos um campo hoje, Júpiter, que tem 70% do CO2, que é campo gigante, possivelmente maior que esse, mas que tecnologicamente ainda não é viável explorar", afirmou uma das fontes da Petrobras ouvidas pela Reuters.

Segundo este executivo, a Petrobras, líder na exploração do pré-sal, está desenvolvendo tecnologias para tornar viáveis tais descobertas, mas está ainda apenas no início do processo.

Uma segunda fonte da Petrobras ponderou que o anúncio tem que ser avaliado "com cuidado, pois a descoberta está no ’trend’ do CO2, já está fora do ’filé mignon’ do pré-sal", ao comentar a distância de cerca de 200 km de Bumerangue de dois enormes campos operados pela Petrobras, Tupi e Búzios, que produzem a maior parte do petróleo do Brasil.

Dois executivos da Petrobras afirmaram que a BP ainda não procurou a companhia para conversar sobre Bumerangue.

Um deles disse que a descoberta parece "bem promissora", mas também citou a questão do CO2.

"Agora, se for uma descoberta bacana, a gente tá aí", afirmou.

Uma terceira fonte afirmou acreditar que, em algum momento, a BP vai apresentar dados de Bumerangue para a Petrobras, acrescentando que isso pode acontecer mais tarde, já que "parece que ainda tem muito chão para ver a viabilidade da descoberta".

"Não conhecemos o projeto ainda. Mas a Petrobras sempre está atenta a potenciais oportunidades, e no Brasil a Petrobras é o melhor parceiro", afirmou uma quarta fonte na companhia, evitando fazer quaisquer comentários sobre o índice de CO2.

A BP, que arrematou 100% de Bumerangue em leilão em 2022, já tem parcerias em alguns blocos com a Petrobras, incluindo Alto de Cabo Frio Central, no pré-sal da Bacia de Campos.

Procurada, a BP informou que não iria comentar o assunto. Já a Petrobras não respondeu imediatamente a pedido de comentários.

(Por Rodrigo Viga Gaier, com reportagem adicional de Marta Nogueira)

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