Por Tatiana Bautzer
SÃO PAULO (Reuters) - O grupo chinês Shanghai Pengxin está negociando a compra do controle do banco Indusval (SA:IDVL4), em estratégia para se expandir para além de commodities na América Latina, afirmaram três fontes com conhecimento direto do assunto.
Representantes do Pengxin e sócios do Indusval discutiram potenciais cenários para um acordo, disseram duas das fontes. As negociações estão em estágio preliminar e podem não resultar em um negócio, disseram as fontes.
As ações ordinárias do banco abriram em forte alta nesta terça-feira e às 13h07 exibiam valorização de 22,8 por cento, porém, com baixo volume de negócios. Já os papéis preferenciais tinham ganho de 11 por cento. As ações não fazem parte do Ibovespa, que recuava 0,18 por cento.
Em comunicado no início da tarde desta terça-feira, o banco afirmou que "constantemente estuda possibilidades de novos negócios e arranjos societários", mas que até agora não há qualquer proposta, documento ou decisão nesse sentido.
O Indusval afirmou ainda que segue com os trâmites legais para realizar a oferta pública de aquisição de suas ações no mercado para depois cancelar o registro de companhia aberta e sair do Nível 2 de governança corporativa da BM&FBovespa (SA:BVMF3). A operação foi aprovada em março e o banco afirmou que os custos da manutenção do registro de companhia aberta não se justificam, dada a baixa liquidez de suas ações.
A Pengxin pode investir até 3 bilhões de dólares em aquisições no Brasil, disseram fontes próximas do grupo à Reuters em abril. A busca do Pengxin por empresas dos setores financeiro, de logística e de commodities está ganhando força após a compra em abril, por 200 milhões de dólares, do controle da processadora de grãos Fiagril Participações.
Representantes do Pengxin não comentaram o assunto.
O grupo chinês não contratou um banco de investimento como assessor para a negociação com o Indusval, afirmou a primeira fonte, acrescentando que uma equipe interna que lida com fusões e aquisições no grupo asiático está analisando possíveis alvos.
Sob os termos do acordo de compra da Fiagril, o Pengxin concordou em fornecer crédito para a processadora de grãos. A compra de um banco com conhecimento e clientes nos mercados agrícolas pode facilitar os objetivos do grupo chinês em outros possíveis negócios, afirmaram a primeira e a terceira fontes.
Apesar de algumas grandes instituições financeiras chinesas terem fincado pé no Brasil nos últimos anos, os retornos dos investimentos realizados ficaram abaixo das expectativas em meio a aumento de problemas legais e contábeis.
O Pengxin está agindo com cuidado no processo de compra de um banco, depois de compras de instituições financeiras por outros grupos da China no Brasil terem enfrentado obstáculos, disseram as fontes.
O China Construction Bank está injetando 217 milhões de dólares no CCB Brasil, anteriormente conhecido como Banco Industrial & Comercial (Bicbanco) e comprado há dois anos. O CCBC confirmou o aumento de capital em comunicado à Reuters.
Jair Ribeiro, presidente-executivo do Indusval e quinto maior acionista do banco, teve reuniões com representantes do Pengxin por duas vezes nos últimos meses na China e no Brasil, afirmou a primeira fonte. Ele não respondeu a diversos pedidos para comentários sobre esta reportagem.