Por Guillermo Parra-Bernal
SÃO PAULO (Reuters) - A iminente venda de um parque eólico pela Renova Energia (SA:RNEW11) deverá fazer com que a empresa de geração renovável coloque um freio por tempo indeterminado na busca por um novo sócio, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto nesta quarta-feira.
De acordo com a fonte, a elétrica mineira Cemig (SA:CMIG4), principal acionista da Renova, convocou uma reunião de seu Conselho de Administração para aprovar mais tarde nesta quarta-feira a venda do complexo Alto Sertão II à AES Brasil, unidade local da norte-americana AES Corp (NYSE:AES), por 700 milhões de reais, e a transação poderá ser anunciada na quinta-feira.
Procurada, a Renova disse que não iria comentar o assunto. A AES Brasil não comentou imediatamente. A Cemig não respondeu imediatamente pedidos de comentário.
A transação, se confirmada, reduz a pressão sobre a Renova, que vinha procurando um novo sócio desde o final de 2015, quando a norte-americana SunEdison anunciou em meio a uma crise financeira que não iria seguir adiante com um plano de compra de ativos e participação acionária na empresa de renováveis brasileira.
Com um plano de investimentos bilionário para os próximos anos, a Renova passou a exigir aportes de capital dos acionistas, ao mesmo tempo em que anunciava a suspensão de projetos e cortes de pessoal para reduzir custos e aportes previstos.
Segundo a fonte, a venda de Alto Sertão II dará à companhia oxigênio suficiente para continuar sem um novo sócio por ora, "uma vez que resolve qualquer preocupação financeira no curto e médio prazo".
Os recursos obtidos com a transação serão utilizados para concluir as obras de uma nova usina que já está em fase final de construção, o complexo Alto Sertão III, com 400 megawatts, segundo a fonte. Parte do dinheiro ainda será utlizada para pagar dívidas a vencer.
A Reuters havia noticiado em junho que a Renova buscava novos parceiros para se juntar a seu bloco de controle. A busca por investidores chegou a atrair o interesse de grandes elétricas internacionais, mas não fechou nenhum acordo.
Uma fonte em empresa estrangeira que chegou a avaliar o negócio disse que a Renova tinha "muitos problemas", como obras em atraso, o que dificultava o fechamento de um negócio.
As ações da Renova operavam em alta de 1,88 por cento, a 6,51 reais por Unit às 15:06, com leve alta após a publicação pela Reuters da informação sobre o negócio com a AES Brasil.
(Reportagem adicional de Luciano Costa)