Por Mike Spector e David Shepardson
(Reuters) - As famílias das vítimas de passageiros que morreram nas quedas de dois Boeing (NYSE:BA) 737 MAX em 2018 e 2019 vão pressionar nesta quarta-feira autoridades do Departamento de Justiça dos Estados Unidos para abrir processo criminal contra a empresa.
Parentes e advogados das vítimas argumentem que a Boeing violou um acordo de 2021 com os promotores para reformular seu programa de conformidade após as quedas, que mataram 346 pessoas. Promotores federais concordaram em pedir a um juiz para rejeitar um indiciamento criminal contra a Boeing, desde que a companhia cumprisse os termos do acordo em um período de três anos.
O pedido de processo criminal contra a Boeing vem depois que um pedaço de fuselagem de um jato da empresa operado pela Alaska Airlines (NYSE:ALK) se desprendeu em janeiro em pleno voo, expondo os passageiros ao ambiente externo. O episódio ocorreu em 5 de janeiro, apenas dois dias antes do vencimento do acordo de 2021.
As autoridades do Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) estão agora avaliando essa falhaesse como parte de uma investigação mais ampla sobre se a Boeing violou o acordo conhecido como DPA, disseram à Reuters duas fontes familiarizadas com o assunto.
"O que estamos dizendo ao DOJ é, jogue fora o DPA", disse Nadia Milleron, cuja filha, Samya Stumo, morreu enquanto viajava no Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines que caiu em março de 2019. "Queremos que eles pensem consigo mesmos: Isso é demais. Tem de haver responsabilidade."
Os membros da família argumentam que é necessário um monitor independente para garantir a conformidade da Boeing com o acordo. O acordo da Boeing não tinha essa exigência, ao contrário de alguns acordos anteriores com outras empresas.
"Se houvesse um monitor externo, a situação do Alaska não teria acontecido", disse Milleron.
Representantes daBoeing e do DOJ não quiseram comentar o assunto.
Em janeiro de 2021, a Boeing fez acordo para pagar 2,5 bilhões de dólares para encerrar uma investigação criminal sobre a conduta da empresa em relação às quedas dos aviões. A fabricante de aviões dos EUA concordou em indenizar os familiares das vítimas e reformular suas práticas de conformidade como parte do acordo com os promotores.
Em uma reunião realizada no início de abril com os advogados dos familiares, as autoridades do Departamento de Justiça disseram que estavam analisando as circunstâncias descritas no acordo de 2021 que poderiam colocar a Boeing em violação dele, disse uma das fontes.
O acordo dá às autoridades norte-americanas seis meses a partir da data de vencimento, em 7 de janeiro, para decidir se processarão a Boeing, acusando a empresa de conspirar para fraudar a agência de aviação dos EUA (FAA) ou se buscarão outras alternativas para encerrar o caso.
As autoridades planejam fazer isso dentro desse prazo, enquanto as investigações sobre o episódio com o jato operado pela Alaska continuam.
A FAA está investigando as alegações de um engenheiro da Boeing de que a empresa ignorou problemas de segurança e qualidade na produção dos jatos 787 e 777. Em uma audiência no Congresso norte-americano na semana passada, o engenheiro testemunhou que a Boeing o deixou de lado quando ele levantou preocupações. A Reuters não verificou de forma independente suas alegações, que foram contestadas pela Boeing.