SÃO PAULO (Reuters) - A redução de 4,8 bilhões de reais nos gastos com o programa habitacional Minha Casa Minha Vida deve fazer a participação do programa no consumo de materiais de construção cair em mais de um terço, previu nesta segunda-feira o presidente da associação do setor, Abramat, Walter Cover.
"O impacto maior deve ser sobre a fase 2 do Minha Casa Minha Vida, que está em diversas etapas do processo de execução", disse Cover em entrevista à Reuters. Pelas contas do presidente da Abramat, há cerca de 1,4 milhão de imóveis nessa condição.
A Abramat calcula que a fatia do programa no consumo total de materiais de construção seja de cerca de 7 por cento, participação que deve cair para algo em torno de 4 por cento.
A redução no programa faz parte das medidas fiscais de 64,9 bilhões de reais anunciadas pelo governo federal nesta segunda-feira com o objetivo de obter superávit primário em 2016.
O corte deve pressionar ainda mais o desempenho do setor, já afetado por fatores como recessão, aumento do desemprego e forte desaceleração na construção civil.
Há duas semanas, a Abramat anunciou que as vendas de materiais de construção no Brasil em agosto caíram 10,9 por cento na comparação anual e manteve a projeção de queda de 7 por cento das vendas em 2015.
"Sem dúvida, a notícia não é boa, mas pelo menos houve uma distribuição de maldades", disse Cover.
SINDUSON-SP
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), José Romeu Ferraz Neto, lamentou o corte adicional no programa, que já tivera uma redução de 15 bilhões de reais anteriormente, assim como o corte adicional de 3,8 bilhões de reais para o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
"Responsável por 60 por cento dos investimentos produtivos, a construção será fundamental para a retomada do crescimento econômico. Quanto mais ela for afetada pelas novas medidas anunciadas pelo governo, mais tardará a recuperação do país", disse em nota.
(Por Aluisio Alves; Edição de Luciana Bruno)