Setor de máquinas brasileiro sofrerá impacto moderado de tarifas de Trump, diz Abimaq

Publicado 02.04.2025, 15:03
Atualizado 02.04.2025, 16:25
© Reuters. Linha de montagem de fábrica da Renault em São José dos Pinhais (PR)n02/08/2012nREUTERS/Rodolfo Buhrer

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) -O setor de máquinas e equipamentos brasileiro deve sofrer um impactado moderado das tarifas recíprocas a serem anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou José Velloso, presidente-executivo da Abimaq, associação que representa o setor, nesta quarta-feira.

"Acho que o Brasil vai ser atingido e o setor de máquinas também", disse Velloso a jornalistas durante apresentação dos dados do setor de fevereiro, acrescentando que as vendas aos EUA representam 7% do faturamento total da indústria brasileira.

"Tem impacto... não é pequeno, mas também não é decisivo, é um impacto moderado", acrescentou.

Velloso afirmou que ainda são necessários mais detalhes em relação às tarifas, previstas para serem anunciadas por Trump em cerimônia às 17h (horário de Brasília) no Rose Garden da Casa Branca. Ele ponderou que ainda vê oportunidade para o Brasil negociá-las, como tem defendido o governo brasileiro.

"Na semana passada eu achava que os EUA dariam um prazo para negociação... como fizeram com o México e Canadá", disse o presidente da Abimaq, lembrando que isso não aconteceu para o Brasil.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse na véspera que as tarifas recíprocas dos EUA entrarão em vigor imediatamente após o anúncio de Trump, enquanto uma tarifa de 25% sobre veículos entrará em vigor em 3 de abril.

"Eu imagino que todos os setores que estão citados no relatório do USTR serão atingidos, e o setor de máquinas está na lista", disse, referindo-se à agência responsável pelos acordos comerciais dos EUA.

O executivo da Abimaq disse que o déficit comercial do Brasil com os EUA é uma "vantagem" e pode ajudar em eventuais negociações, que poderiam ter como foco questões de propriedade intelectual e barreiras não tarifárias, que são citadas em relatório da USTR.

"Se o Brasil negociar essas duas questões... poderia negociar uma tarifa menor", disse. Ele também notou um declínio nas exportações para os EUA, em antecipação às tarifas de Trump.

Segundo dados da Abimaq, as exportações de máquinas e equipamentos para a América do Norte no primeiro bimestre caíram 26,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Nos EUA a queda foi de 26,8%, no México de 30,6% e no Canadá de 13,1%.

"Quando um país decide alguma coisa, mesmo que seja para daqui dois meses, um mês, ele faz preço na hora. O preço está feito."

DADOS DE FEVEREIRO

A Abimaq divulgou nesta quarta-feira dados de fevereiro da indústria de máquinas e equipamentos, que mostrou crescimento de 14,5% no faturamento líquido versus o mesmo mês do ano passado, para R$22,9 bilhões.

"Esse resultado positivo teve como influencia o melhor dinamismo do mercado local, sobretudo no que diz respeito à aquisição de bens seriados, e também o mercado externo", disse a entidade em apresentação nesta quarta-feira.

No bimestre, o faturamento de máquinas e equipamentos cresceu 16,9%, após três anos de queda. Houve melhora na demanda por máquinas para fabricação de bens de consumo, máquinas para agricultura e de máquinas para a construção civil, segundo a Abimaq.

Considerando apenas vendas no mercado doméstico em fevereiro, a receita líquida do setor cresceu 13,2% em uma base anual, para R$17,9 bilhões.

As exportações do setor em fevereiro subiram 6,6% ano a ano, para US$870 milhões. Já as importações cresceram 10,4% na mesma base, para US$2,4 bilhões, conforme dados da associação.

O consumo aparente de máquinas, que leva em conta equipamentos produzidos no país e importados, em fevereiro foi 1,8% menor em relação a janeiro (4,4% abaixo considerando ajuste sazonal), mas 18,3% maior em comparação com fevereiro de 2024.

(Reportagem de Patricia Vilas BoasEdição de Pedro Fonseca)

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