Investing.com - A disputa comercial entre EUA e China novamente esteve no radar dos investidores na avaliação do prêmio de risco no preço dos ativos. A intensa divulgação de balanços corporativos e a tramitação da reforma da Previdência menos tumultuada na Comissão Especial em relação à CCJ não foi suficiente para o Ibovespa destoar da cautela e incertezas que pairam sob o exterior.
O Ibovespa fechou em queda de 0,83% a 94.807,85 pontos, após ficar parte do pregão abaixo dos 94 mil pontos. O dólar também subiu 0,52% a R$ 3,9536. No meio da sessão, a moeda americana chegou a R$ 3,9821.
EUA-China
O vice-primeiro-ministro da China Liu He chegou a Washington para uma nova rodada de negociações com o secretário de Tesouro Steve Mnuchin e o representante do Comércio Robert Lightzier. É o primeiro encontro dos funcionários de alto nível após a ameaça do presidente dos EUA ameaçar a elevação de tarifas sobre US$ 200 bilhões de importações chinesas.
Trump disse novamente ontem à noite, durante comício a simpatizantes na Florida, que vai manter o aumentar a sobretaxa de 10% para 25% após os chineses, segundo ele, não cumprirem o combinado e prejudicar os trabalhadores americanos. A reversão das tarifas ocorra caso os chineses “parem de enganar nossos trabalhadores e roubar nossos empregos”.
O Ministério do Comércio da China respondeu que a escalada da fricção comercial não era do interesse dos dois países ou do mundo. Além disso, prometeu retaliar se os EUA avançassem com o aumento das tarifas.
Há uma pequena esperança de que um acordo possa sair nesta sexta-feira, mas ela é pequena. Por isso, os índices acionários em Nova York tiveram o quarto dia consecutivo de queda. Dow Jones perdeu 0,54%, Nasdaq cedeu 0,41% e S&P 500 caiu 0,3%.
Reforma da Previdência e Congresso
Os investidores avaliaram positivamente a participação do ministro da Economia Paulo Guedes na Comissão Especial na quarta-feira. Diferentemente de audiência com Guedes na CCJ, desta vez os deputados governistas blindaram o ministro.
No entanto, os investidores mantêm a cautela a respeito da desidratação da proposta original do governo, que prevê uma economia de R$ 1,2 trilhão em 10 anos. É quase certa a retirada das novas regras para aposentadoria rural, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o regime para os professores. Além disso, o regime de capitalização tampouco deve ser aprovado.
Em outras pautas de interesse do governo no Congresso, houve a aprovação da reforma administrativa que reduziu o número de ministérios na administração Bolsonaro. Uma vitória relativa, pois houve perdas do desenho inicial, como o retorno do Coaf ao Ministério da Economia ao invés de ser encaminhada ao Ministério da Justiça sob o comando do ex-juiz Sergio Moro.
A aprovação da reforma administrativa trouxe uma modificação do desenho inicial que vai ajudar o Centrão a se aproximar do governo Bolsonaro: a divisão do Ministério do Desenvolvimento Regional em Cidades e Integração Regional. Uma das duas novas pastas criadas será encaminhada a um partido do Centrão, mas os próprios parlamentares do grupo já afirmaram que a “concessão ainda é insuficiente”.
Ações
- Braskem (SA:BRKM5) PNA desabou 7,36%, após a petroquímica decidir paralisar extração de sal e de fábricas de cloro-soda e dicloretano em Maceió, após relatório geológico ter mostrado que a atividade está comprometendo solos de bairros da cidade. A companhia também divulgou balanço trimestral na véspera.
- GPA PN (SA:PCAR4) recuou 4,32%, em meio a receios com o anúncio do controlador Casino de que está analisando "opções estratégicas" para seus ativos na América Latina. Via Varejo (SA:VVAR3), controlada pelo GPA, subiu 4,64%. O presidente-executivo do GPA disse que os planos de vender a participação na Via Varejo não devem ser afetados pelo anúncio do Casino.
- Petrobras PN (SA:PETR4) recuou 1,97%, em sessão de fraqueza do petróleo no exterior, pesando no Ibovespa. A empresa deve lançar oferta secundária de ações em 24 de maio, disse à Reuters uma fonte a par do assunto. A operação envolve a venda de até 241,3 milhões de ações detidas pela Caixa Econômica Federal, com valor estimado em R$ 9 bilhões.
- Banco do Brasil (SA:BBAS3) subiu 0,87%, na contramão dos bancos listados no Ibovespa, após resultado do primeiro trimestre agradar analistas, conforme uma combinação de controle das despesas com maiores margens nas operações de crédito ajudou no salto de mais de 40% no lucro no período. Bradesco PN (SA:BBDC4) e Itaú Unibanco (SA:ITUB4) PN recuaram 1,75% e 1,24%, respectivamente.
- Suzano (SA:SUZB3) avançou 6,98%, antes da divulgação do balanço trimestral, tendo de pano de fundo a previsão da companhia de que o volume de produção de celulose de mercado da companhia em 2019 deve alcançar entre 9 milhões e 9,4 milhões de toneladas, o que implica uma redução gradual de até 12 por cento em relação ao volume produzido em 2018 pelas duas empresas que formaram o grupo neste ano.
- MRV (SA:MRVE3) valorizou-se 4,49%, após divulgar na quarta-feira crescimento de dois dígitos no lucro líquido do primeiro trimestre, marcando um recorde para o período, apoiado na diluição de despesas em meio a receitas maiores.
- VALE (SA:VALE3) cedeu 0,94%, antes da divulgação do resultado, prevista para após o fechamento do mercado, acompanhando declínio de ações de mineradoras na Europa.
*Com Reuters