Investing.com – Enquanto a Marfrig (BVMF:MRFG3) segue ampliando sua posição na BRF (BVMF:BRFS3), dona das marcas Sadia e Perdigão, seguindo tendência iniciada em 2021, o avanço alimenta dúvidas de investidores sobre uma eventual fusão entre as duas produtoras de alimentos. A companhia de Marcos Molina teria saído de uma fatia 33,2% para 50,06% em cerca de um semestre, com a última compra nos últimos dias de dezembro, assegurando o controle.
Na opinião do banco BTG Pactual (BVMF:BPAC11), como a Marfrig já consolida a participação da BRF, as sinergias operacionais nos negócios ao administrar carne bovina e aves não seriam claras. “Tudo o que pode ser capturado já está sendo capturado agora”, destacam os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin.
Ainda conforme relatório divulgado aos clientes e ao mercado, o BTG aponta ainda que hoje, como controladora, a Marfrig detém essa posição de forma indiscutível, mas em uma fusão, isso poderia ser diluído pela participação na entidade combinada.
“Também não acreditamos que a Marfrig tenha disposição, nem balanço, para comprar as minorias da BRF”. Por enquanto, os analistas avaliam que as empresas seguirão separadas.
Na visão do BTG, haveria falta de estratégia na BRF, diante da falta de uma consistência no longo prazo, ainda que haja melhora desde que a Marfrig se tornou acionista controlador. As estratégias de longo prazo são difíceis de compreender para ambas, inclusive para a Marfrig, no entendimento do banco. “A participação da BRF apenas vai na direção oposta ao foco anterior na desalavancagem e simplificação”.
O BTG segue com recomendação neutra para ambas, com valuations considerados como os mais exigentes do setor, com preço-alvo passando de R$12 para R$13 para BRF e de R$10, mantido, para Marfrig.
O banco ainda atualizou as projeções de Ebitda estimado para a BRF em R$ 6,7 bilhões neste ano, 11% superior ao consenso. Para a Marfrig, os analistas enxergam a maior alavancagem no setor (4,6x).
Outras projeções
Ontem, o BB Investimentos decidiu também manter a recomendação neutra para as ações. A BRF teria perspectivas mais positivas, com melhorias de eficiência, o que motivou a elevação do preço-alvo de R$14 para R$16. No entanto, a Marfrig tende a seguir com margens pressionadas diante do ciclo do gado.
As analistas do BB Investimentos Mary Silva e Melina Constantino reforçam a necessidade de a Marfrig ser mais cautelosa e focar na liquidez, ainda que tenha revisado o preço-alvo de R$10 para R$12 ao final deste ano.