Por Anirban Sen e Pamela Barbaglia e Kane Wu
LONDRES/HONG KONG (Reuters) - A atividade global de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) quebrou recorde histórico em 2021, superando com folga a marca anterior de quase 15 anos atrás.
O valor de fusões e aquisições globalmente ultrapassou em 2021 pela primeira vez os 5 trilhões de dólares. Houve crescimento de 63% nos volumes, para 5,63 trilhões de dólares até 16 de dezembro, de acordo com dados da Dealogic. O resultado é maior do que antigo recorde de 4,42 trilhões de dólares, estabelecido em 2007, ano pré-crise financeira.
"Os balanços patrimoniais corporativos estão incrivelmente saudáveis, com 2 trilhões de dólares em dinheiro apenas nos Estados Unidos - e o acesso a capital continua amplamente disponível a custos historicamente baixos", disse Chris Roop, que co-chefia a parte de fusões e aquisições do JPMorgan.
Empresas dos setores de tecnologia e saúde, que normalmente representam a maior parcela do mercado de M&A, puxaram a fila novamente em 2021, impulsionadas em parte pela demanda reprimida do ano passado, quando o ritmo de fusões e aquisições caiu para um mínimo de três anos devido às consequências financeiras globais da pandemia de Covid-19.
O volume total de negócios nos EUA quase dobrou em 2021, para 2,61 trilhões de dólares, de acordo com a Dealogic. Na Europa, as transações saltaram 47%, para 1,26 trilhão de dólares, enquanto na região Ásia-Pacífico houve aumento de 37%, para 1,27 trilhão de dólares.
"Embora a atividade internacional da China tenha sido modesta, empresas de outros países asiáticos intensificaram a compra de ativos globais. Esperamos ver essa tendência continuar, especialmente para negócios na Europa e nos EUA", disse Raghav Maliah, vice-presidente global da área de banco de investimentos do Goldman Sachs (NYSE:GS).
A disponibilidade de financiamento impulsionou os negócios de private equity, com volumes mais do que o dobrando em relação ao ano passado, para um recorde de 985,2 bilhões de dólares, de acordo com a Dealogic.
TAXAS ABUNDANTES
Depois de um ano de restrições pela Covid-19, os principais bancos de investimento de Wall Street incentivaram seus profissionais a encontrarem mais clientes pessoalmente na busca por mandatos mais lucrativos.
"Este ano, devemos ultrapassar os 100 bilhões de dólares em taxas com a operação global do banco de investimentos", disse Berthold Fuerst, co-diretor global de fusões e aquisições do Deutsche Bank
É esperado os custos de empréstimos aumentem nos próximos meses, dado que o Federal Reserve, dos EUA, indicou que aumentará as taxas no próximo ano para combater a escalada da inflação. No entanto, os banqueiros esperam que a atividade de de M&A permaneça robusta.
(Reportagem de Anirban Sen em Bengaluru, Pamela Barbaglia em Londres e Kane Wu em Hong Kong; edição de Kirsten Donovan)