SÃO PAULO (Reuters) - O presidente da Stellantis (NYSE:STLA) para a América do Sul, Antonio Filosa, disse nesta sexta-feira que qualquer caminho para a eletrificação da Jeep no Brasil terá localização como pilar estratégico, citando Brasil e Argentina.
"Nós queremos dar empregos a brasileiros e argentinos, brasileiras e argentinas ... Queremos mais fornecedores brasileiros e argentinos", afirmou Filosa, que assume em 1º de novembro o cargo de presidente-executivo global da marca Jeep, tendo como sucessor o também italiano Emanuele Cappellano.
"Não vamos transferir emprego ou transferir fornecimento ou engenharia (para) fora do Brasil e fora da Argentina. Não quero pensar em um futuro onde o Brasil se desindustrializa, perde a industrialização, e essa industrialização vai, por exemplo, para a Ásia. Seria uma enorme perda para o país."
Os comentários foram feitos durante coletiva de imprensa.
A fábrica da Jeep no Brasil fica localizada no município de Goiana, em Pernambuco, e, segundo Filosa, o país representa hoje o segundo maior mercado da marca no mundo.
No início desta semana, a montadora anunciou que planeja alocar a partir de 2024 parte da sua produção no polo pernambucano para fabricação de veículos híbridos a etanol, ou "bio-hybrid", além da produção de veículos 100% elétricos a bateria desenvolvidos pela empresa no Brasil, como parte de sua estratégia global para descarbonização.
"Qualquer que seja o caminho de eletrificação que, com Carlos Tavares, vamos decidir realizar no Brasil, ele terá a localização como primeiro e fundamental pilar estratégico", disse Filosa, referindo-se ao CEO da Stellantis, e citando investimentos em ativos de mineração de cobre, lítio e níquel.
"Níquel, lítio e cobre são três dos elementos que são de grande demanda para qualquer forma de eletrificação. Então, nós estamos nos preparando para o futuro."
Filosa também expressou sua expectativa por uma decisão positiva sobre a renovação dos incentivos fiscais ao setor automotivo no Nordeste. Segundo ele, os benefícios mitigam parcialmente o que chamou de "desvantagem competitiva" em infraestrutura, logística e mão-de-obra na região em detrimento de outras localidades brasileiras.
"Espero aquilo que a gente sempre falou: previsibilidade do ambiente econômico", disse ele. "Vamos ver como essa discussão termina."
Além de Goiana, a Stellantis, que também é proprietária de marcas como Fiat, Peugeot e Citroën, possui fábricas em Porto Real (RJ) e Betim (MG).
(Reportagem de Patricia Vilas Boas)