SÃO PAULO (Reuters) - A margem bruta da Gafisa (SA:GFSA3) deve começar a melhorar em 2018, com expansão de lançamentos e redução dos distratos em um cenário macroeconômico mais favorável, marcado por juros menores, disseram nesta quarta-feira executivos da construtora voltada para os segmentos de média e alta renda.
A companhia definiu meta de viabilidade de 35 por cento para os novos projetos, que só deve se refletir no balanço à medida que esses empreendimentos mais ganharem maior participação na receita, explicou o diretor financeiro e de relações com investidores do grupo, Carlos Calheiros.
Nos nove primeiros meses do ano, a margem bruta da Gafisa foi negativa em 8,8 por cento, em razão principalmente dos distratos e do menor volume de lançamentos nos últimos anos.
"A meta para esses novos projetos é de 35 por cento, mas leva um tempo para limpar o balanço", comentou Calheiros em encontro com analistas e investidores.
A ação da Gafisa fechou esta quarta-feira com alta de 0,71 por cento, a 21,18 reais. Em 2017, acumula alta de 24 por cento.
Segundo o presidente da Gafisa, Sandro Gamba, a empresa tem condições de lançar de 900 milhões a 1 bilhão de reais em 2018.
"Trabalhamos para 2018 um volume de lançamentos similar ao de 2016", disse o executivo, destacando que não há planos para novos empreendimentos comerciais no curto prazo – o último desta modalidade foi entregue em 2016.
Gamba ressaltou que o mercado de São Paulo está mais propenso a receber novos projetos, embora a companhia siga prospectando oportunidades no Rio de Janeiro. Inicialmente, a Gafisa dedicará 40 por cento dos lançamentos à linha Moov, com unidades entre 350 mil e 500 mil reais, e 40 por cento à Line, com imóveis 500 mil a 2 milhões de reais.
"Os 20 por cento restantes devem variar entre os dois segmentos", contou o presidente.
Após reduzir lançamentos e se empenhar em vender estoques, a construtora deve fechar 2017 com índice de velocidade de vendas (VSO) de 50 por cento, o que Gamba vê como uma marca adequada. Segundo ele, os distratos já diminuíram em relação a 2016, mas a redução deve ser ainda mais relevante no próximo ano.
No quarto trimestre, contudo, os cancelamentos devem ficar próximo ao nível do terceiro, enquanto as vendas tendem a ser menores porque a companhia lançou apenas um empreendimento no período, afirmou Gamba.
AUMENTO DE CAPITAL
Quatro dos cinco credores da Gafisa já entregaram documentos sinalizando que aceitam repactuar dívidas no valor de 350 milhões de reais, mediante a capitalização de 200 milhões a 300 milhões de reais, informou Calheiros.
"Será equacionado em condição suspensiva até a assembleia de 20 de dezembro", quando os acionistas votarão a proposta de aumento de capital, acrescentou o executivo.
Conforme Calheiros, a capitalização e a rolagem de dívidas com credores para 2020 e 2021 são suficientes para posicionar a Gafisa para o novo ciclo de expansão.