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Gerdau acelera "readequação" de tamanho no Brasil e culpa demora do governo em defesa comercial

Publicado 21.02.2024, 11:45
GGBR4
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SÃO PAULO (Reuters) - A Gerdau (BVMF:GGBR4) está acelerando planos para readequar o tamanho de suas operações no Brasil diante do que avalia como demora do governo federal em tomar medidas de defesa comercial contra importações de aço da China e outros países da Ásia, afirmou o presidente-executivo da companhia, Gustavo Werneck, nesta quarta-feira.

"Estamos estudando como concentramos a capacidade em menos usinas e deixamos temporariamente algumas capacidades fechadas", disse o executivo, em entrevista a jornalistas, após a companhia divulgar na noite da véspera queda de 45% no lucro líquido do quarto trimestre sobre um ano antes.

O executivo afirmou que a Gerdau tomou na semana passada a decisão de demitir mais 100 funcionários de uma unidade fabril da companhia em Pindamonhangaba (SP), cidade natal do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento (Mdic), Geraldo Alckmin.

"Essas pessoas tiveram seus contratos encerrados por essa dificuldade do governo federal em implantar as medidas", disse o executivo, acrescentando que nos últimos meses a empresa demitiu cerca de 1.000 trabalhadores no Brasil.

Apesar da pressão das importações de aço sobre os negócios no país, a companhia não pretende alterar sua política de dividendos aos acionistas, que determina distribuição de 30% do lucro líquido, afirmou o vice-presidente financeiro, Rafael Japur.

Em 2023, a Gerdau distribuiu aos acionistas 2,6 bilhões de reais, o que representou 44% do lucro líquido da companhia no ano.

Em 2024, a empresa projeta investimento de 6 bilhões de reais, com metade indo para manutenção de instalacões e o restante para iniciativas de "competitividade", disse Werneck, com Japur citando que a maior parte dos recursos será destinada ao projeto de mineração da empresa em Minas Gerais.

O montante previsto de investimento pra este ano representa ligeira elevação sobre os 5,7 bilhões de reais aplicados pela companhia no ano passado, algo que surpreendeu alguns analistas que esperavam uma cifra menor.

Werneck afirmou que os recursos programados para este ano são destinados a resultados no médio e longo prazos. "Uma dificuldade como essa (importações de aço) não é motivo para cancelar ou reduzir programa de investimento. Vamos continuar mesmo com essa dificuldade criada pela importação crescente de aço da China", disse o executivo.

Mas ele afirmou que a Gerdau está avaliando alterar o destino dos investimentos principais da empresa nos próximos anos para outros países, como o México, cujo setor industrial tem recebido impulso do processo de aproximação ou internalização da produção dos Estados Unidos, o chamado "reshoring".

"O México se tornou uma plataforma muito importante de exportação para os EUA. Estamos debatendo com bastante profundidade se o Brasil deve ser um país que devemos priorizar em nossos investimentos ao longo da próxima década", disse Werneck, citando o contexto de demora do governo federal em tomar medidas de defesa comercial contra importações chinesas.

"Existem outras geografias que parecem mais atrativas num horizonte de 10 anos. O México está claro para nós que vai aproveitar de maneira mais intensa o fenômeno do reshoring", disse o presidente da Gerdau.

A companhia e outros produtores de aço do Brasil como Usiminas (BVMF:USIM5) e CSN (BVMF:CSNA3) defendem que o país imponha tarifa de 25% sobre as importações de aço da China, citando que outras regiões como EUA e Europa já tomaram essa medida.

Questionado sobre o nível de demanda por aço no mercado interno, Werneck afirmou que continua "estável" e que a construção civil, por exemplo, continua apresentando desempenho "sólido, com números de canteiros de obra muito resilientes".

"O problema é que as importações bateram recorde no ano passado e os primeiros números de 2024 mostram que isso continua acontecendo."

© Reuters. Logo da Gerdau 
03/05/2022
REUTERS/Dado Ruvic

A Gerdau opera atualmente com nível de utilização de sua capacidade no Brasil de cerca de 64%, nível considerado "muito baixo" por Werneck ante um patamar saudável de 80%.

Segundo o executivo, não "tem ambiente adequado nesse momento" para se falar em aumentos de preços de aço no Brasil e que a melhoria dos resultados da empresa no país deverá se dar gradativamente por meio de medidas de redução de custos.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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