Resultados do 2º tri da Nvidia superam expectativas, mas receita de data center fica abaixo por impacto da China
Está ocorrendo um rearranjo nos espaços ocupados pelas lojas nos shopping centers. A tendência, segundo especialistas, é de que as lojas compactas prevaleçam sobre as megalojas. Esse movimento, além de reduzir o custo operacional, virou peça-chave na aproximação com o consumidor por conta do crescimento do e-commerce.
"O que está acontecendo no Brasil e no mundo é o uso mais estratégico da loja física", diz o consultor Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls. Esse uso estratégico, segundo ele, pode ser para a captura de novos clientes, a possibilidade de criar experiências, a apresentação e a geração de valor da marca ou até para apoiar a logística das entregas.
Em 2021, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o número de lojas abertas supera o de fechadas. O resultado, diz Marinho, contrariou a expectativa do mercado, que era de redução diante da aceleração do e-commerce na pandemia.
Nos EUA, esse movimento foi acompanhado pela diminuição do tamanho médio das lojas para 300 m², pequenas para os padrões americanos, diz Marinho. Nos EUA, a área média caiu 12,5% entre 2019 e 2021, chegando a 500 m², de acordo com dados da consultoria JLL.
No Brasil, exemplos de grandes marcas também apontam para essa tendência.
Perto do cliente
A companhia francesa de artigos esportivos Decathlon, que já tem uma loja com menos de 1 mil m² num shopping em Niterói (RJ), inaugurou neste ano mais duas unidades neste formato - uma num shopping de Salvador e outra num edifício emblemático, onde funcionava o Cine Leblon, no Rio de Janeiro - e, até dezembro, deve inaugurar mais duas em Recife. "Nosso plano é chegar a cem lojas em quatro anos e todas as novas serão compactas", diz o CEO da Decathlon no Brasil, Cedric Burel.
O executivo diz que o modelo tradicional da rede, de megalojas em eixos rodoviários distantes do centro das cidades, distanciou a varejista dos potenciais consumidores. Burel também destaca o impacto nos custos. "A gente consegue ter um custo operacional menor e isso só é possível por causa da digitalização", diz, sobre a possibilidade de o cliente das lojas navegar em terminais que dão acesso a cerca de 8 mil produtos. "É a prateleira infinita", explica. "A loja perde um pouco a função de armazém e vira mais um ponto de encontro."
Fase de testes
A Lojas Renner (BVMF:LREN3) também adotou um novo formato, em fase experimental. Em maio, abriu uma loja de 300 m² no Shopping Villa-Lobos, na Zona Oeste da capital paulista. É a segunda unidade deste tamanho, distante da média entre 1,5 mil m² e 2 mil m² da varejista de moda, que abriu a primeira unidade nesse formato em 2021, em Garibaldi (RS).
Fabiana Taccola, diretora de operações da Renner, conta que o Shopping Villa-Lobos era um desejo antigo, mas a empresa não conseguia um espaço ideal. "Aproveitamos este momento que estamos pilotando um conceito diferente, uma loja mais digital, para entrar", diz, sobre as unidades com a assinatura Guide Shop. Nelas, a pessoa pode navegar digitalmente pelos produtos, provar fisicamente, comprar e levar ou não a mercadoria, que pode ser enviada depois à casa do cliente.
Fabiana diz que a Renner não está reduzindo o tamanho das lojas, mas testando o modelo "figital", que une o físico ao digital - formato que poderá servir para a rede avançar em cidades menores do interior do Brasil.
Na contramão
Diferentemente de Decathlon e Renner, a Cacau Show tem apostado justamente em lojas maiores. "Percebemos que a gente poderia levar para o consumidor uma experiência que vai muito além da compra de chocolate: ter contato com a marca, oferecer serviço e entretenimento", afirma o diretor de novos canais e expansão da Cacau Show, Daniel Roque.
A primeira megaloja da marca foi aberta no Morumbi Shopping em agosto de 2018. Hoje são 54 megalojas com tamanho médio que varia entre 150 e 300 m², num total de 3.170 pontos de venda, incluindo os tradicionais, com 40 m². A meta é chegar a 200 megalojas até 2024.
Com as lojas-âncora tradicionais reduzindo de tamanho, Roque conta que tem recebido muitas ofertas de shoppings para ocupar essas áreas.
Essa megaloja, para os padrões da marca Cacau Show, oferece serviços e é um casamento perfeito com o novo papel que os shoppings estão assumindo, após a forte digitalização do varejo. "A pandemia chacoalhou os shoppings e os obrigou a acelerar a evolução do modelo de negócio", diz Marinho, da Gouvêa Malls, sobre uma transformação na ideia do shopping como "templo do consumo". "O mantra do shopping hoje é viver, comer e comprar", afirma.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.