Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - Amigos e familiares lamentaram nesta sexta-feira a morte de sete trabalhadores haitianos em uma explosão em um silo de uma cooperativa agroindustrial do Paraná, enquanto um auditor do trabalho sinalizou preocupação com aumento de mortes em instalações de armazenamento de grãos no país.
Pelo menos oito trabalhadores morreram na explosão dentro de um silo da C.Vale na quarta-feira, na cidade de Palotina. O incidente também feriu ao menos 12 pessoas, que foram encaminhadas a hospitais da região.
Os trabalhadores mortos tinham entre 24 e 53 anos e incluíam um cidadão brasileiro, disse a C.Vale (BVMF:VALE3).
Os haitianos eram trabalhadores temporários não empregados diretamente pela C.Vale. Eles foram contratações feitas por meio do Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Cargas para o pico da temporada de grãos, disse um porta-voz da empresa à Reuters.
A C.Vale afirmou nesta sexta-feira que as equipes de resgate ainda estavam procurando uma pessoa desaparecida, possivelmente sob os escombros e uma enorme pilha de milho.
O silo onde ocorreu a explosão armazenava cerca de 12.000 toneladas de soja e 40.000 toneladas de milho, de acordo com a empresa.
Rudy Silva, auditor do Ministério do Trabalho com foco em instalações de armazenamento de grãos, disse à rádio CBN que o número de mortos em acidentes envolvendo trabalhadores de silos está aumentando no país.
Segundo ele, as mortes neste tipo de estrutura totalizaram 69 em 2020, 90 em 2021 e mais de 100 no ano passado.
O Ministério do Trabalho não retornou imediatamente um pedido de comentário sobre os números fornecidos por Silva.
Incluindo os trabalhadores mortos na explosão da C.Vale, Silva previu outras 100 mortes de trabalhadores em silos no Brasil até o final do ano.
Especialistas alertam que as partículas de poeira de grãos podem ser altamente inflamáveis, podendo causar incêndios ou explosões em espaços confinados. Pesquisas mostram que o amido de milho é um dos mais perigosos e voláteis.