Por Vera Eckert e John Revill
FRANKFURT (Reuters) - A Hyundai Motor (KS:005380) planeja vender uma nova família de caminhões movidos a células de combustível na Europa ainda neste ano, ampliando a competição em uma batalha para testar a viabilidade do uso de hidrogênio para movimentar veículos pesados.
O novo caminhão Xcient, equipado com células de combustível com durabilidade ampliada, deve chegar à Europa no quarto trimestre, afirmou o presidente-executivo da Hyundai Hydrogen Mobility (HHM), Mark Freymueller.
A tecnologia de hidrogênio está atrás da motorização por baterias porque é mais cara, mas os defensores afirmam que para transporte de longo percurso caminhões equipados têm vantagem.
Joint venture entre Hyundai e a companhia suíça focada em hidrogênio H2 Energy, a HHM tem alugado caminhões movidos com a tecnologia para clientes comerciais na Suíça desde outubro, no piloto mais avançado do mundo envolvendo o combustível.
A HHM planeja ingressar em outros mercados europeus no próximo ano. "Alemanha e Holanda provavelmente", afirmou Freymueller à Reuters.
Entre os rivais da Hyundai no desenvolvimento da tecnologia estão Daimler (DE:DAIGn), Volvo (ST:VOLVa) e Iveco, que está cooperando com a startup norte-americana de caminhões de baixa emissão de carbono Nikola (NASDAQ:NKLA).
A Europa quer que as emissões de CO2 de caminhões sejam cortadas em um terço até 2030 em relação aos níveis de 2019, ameaçando imposição de maiores impostos e prometendo pedágios 75% mais baratos para veículos "verdes".
Apesar de mais caro que os motores elétricos, os veículos a hidrogênio potencialmente vão se beneficiar do interesse da Europa em incentivar a tecnologia.
Um estudo da consultoria Berylls Strategy Advisors afirma que até 2030, 25% das vendas de caminhões novos na Europa serão de modelos movidos a bateria e 10% a células de hidrogênio.
BATERIA VS CÉLULA DE COMBUSTÍVEL
A McKinsey espera que hidrogênio para veículos atinja equilíbrio em relação ao diesel apenas em 2028, mas as montadoras estão acelerando os planos.
Nikola e Iveco afirmam que vão produzir um veículo movido por célula de combustível até 2023, o que coloca as empresas dois anos à frente de Volvo e Daimler Truck.
O presidente-executivo da Daimler Truck, Martin Daum, afirmou que uma rede de recarga das células de hidrogênio será necessária antes que os caminhões movidos com a tecnologia encontrem compradores, o que, segundo ele, vai levar anos para ser desenvolvido e que por isso a empresa está planejando seus movimentos de acordo com a infraestrutura.
Outras empresas optaram por colocar a tecnologia de célula de combustível em segundo plano. A Traton, a holding de caminhões e ônibus do grupo Volkswagen (DE:VOWG), recentemente afirmou que apenas a rota de motorização por bateria tinha sido escolhida por suas marcas MAN e Scania.
"Caminhões a hidrogênio têm uma desvantagem importante. Apenas um quarto da energia original vai para propulsão, três quartos são perdidos na conversão", afirmou o presidente-executivo da Traton, Matthias Gruendler, e especialista em propulsão Andreas Kammel em um artigo ao jornal alemão Handelsblatt.
Apesar disso, a Traton deixou a porta aberta para a tecnologia ao elevar investimento na Navistar, que está desenvolvendo células de combustível nos Estados Unidos.