Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta de mais de 1% nesta terça-feira, encostando em 99 mil pontos, apoiado no avanço de ações de mineradoras diante da perspectiva de novos estímulos na China e noticiário político-econômico nacional.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,53%, a 98.960,00 pontos. O volume financeiro somou 16,9 bilhões de reais.
O pregão abriu já sob influência da notícia de que a China permitirá que governos locais usem os recursos de títulos especiais para importantes projetos de investimento, incluindo estradas, oferta de gás e energia e ferrovias.
No começo da tarde, contudo, o Ibovespa acelerou os ganhos e tocou máximas da sessão após a Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovar crédito extra para o governo contornar a regra de ouro.
De acordo com o analista de investimentos Felipe Silveira, da corretora Coinvalores, a bolsa tem respondido muito mais ao noticiário doméstico do que a fatores externos e o acordo e votação na CMO trouxeram ânimo aos negócios.
Embora tal desfecho não necessariamente paute os próximos movimentos relacionados à reforma da Previdência, ele acrescentou que trouxe algum alívio. "Se não tivesse um acordo seria bem negativo", avaliou.
Silveira ressaltou que a pauta de reformas, capitaneada pela da Previdência, ainda é um ponto de incertezas, principalmente para o investidor estrangeiro, mesmo que os sinais sejam de que caminha na direção esperada no mercado, o que explica a suscetibilidade do pregão ao noticiário de Brasília.
DESTAQUES
- VALE subiu 6,4%, maior alta diária desde janeiro, em meio ao noticiário chinês e disparada dos preços do minério de ferro na China, que contagiou também CSN (SA:CSNA3), que avançou 5,7%. O analista Pedro Galdi, da corretora Mirae Asset, destacou que o anúncio chinês significa maior demanda por aço, logo, minério de ferro, em um ambiente de oferta global da commodity já reduzida pela tragédia causada pela Vale (SA:VALE3) em Brumadinho (MG) em janeiro. A notícia, segundo ele, é benigna para as siderúrgicas Usiminas (SA:USIM5) e Gerdau (SA:GGBR4) produzem suas necessidades de minério, mas beneficia mais a CSN que exporta o excedente.
- PETROBRAS ON (SA:PETR3) avançou 2% e PETROBRAS PN (SA:PETR4) valorizou-se 1,9%, também reforçando os ganhos, após acelerar a alta com a assinatura com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de um termo que consolida entendimentos entre as partes sobre como deverá se dar o desinvestimento da companhia em seus ativos de refino.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) encerrou com variação positiva de 0,46%, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN fechou com acréscimo de 0,5%. BANCO DO BRASIL, por sua vez, subiu 2% e SANTANDER BRASIL teve oscilação negativa de 0,05%. O presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari, afirmou nesta terça-feira que os grandes bancos brasileiros negociam a possibilidade de recuperação extrajudicial da Odebrecht, mas que estão preparados para todos os cenários.
- BRASKEM avançou 3,7%. A petroquímica disse em reunião com o Conselho Estadual de Proteção Ambiental de Alagoas (Cepram) sobre o afundamento de bairros na capital Maceió nesta terça-fera que seções geológicas realizadas pela companhia não evidenciam presença de falhas em Mutange, bem como que a CPRM - Serviço Geológico do Brasil - realizou leitura equivocada de sonares para o Pinheiros, conforme reportagem do Portal Novo Extra. https://novoextra.com.br/noticias/alagoas/2019/06/47538-braskem-afirma-que-cprm-realizou-leitura-equivocada-de-sonares
- AZUL recuou 0,8%, em sessão negativa para companhias aéreas no Ibovespa, com GOL (SA:GOLL4) fechando em baixa de 0,3%. Investidores seguem monitorando desdobramentos relacionados ao pedido de recuperação judicial da rival Avianca Brasil e reflexos para o setor no país.
- SABESP (SA:SBSP3) caiu 0,55%, engatando a quinta sessão consecutiva de queda, após atingir cotação recorde para o fechamento, em meio a expectativas decorrentes do andamento de projeto de lei que atualiza o marco regulatório do saneamento.
- IRB BRASIL (SA:IRBR3) recuou 1,7%, maior queda do Ibovespa. No radar, está uma aguardada oferta secundária de ações da resseguradora pelo Banco do Brasil (SA:BBAS3). No começo de maio, o presidente-executivo do BB afirmou que o banco de controle estatal pretendia vender sua fatia na companhia, mas que não havia ainda data para tal operação.