Ibovespa avança mais de 3% após Trump aliviar tarifas, com exceção da China

Publicado 09.04.2025, 17:07
Atualizado 09.04.2025, 18:21
© Reuters. REUTERS/Amanda Perobelli

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em forte alta nesta quarta-feira, puxado por Vale e Petrobras, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reduzir temporariamente as tarifas comerciais a vários países, com exceção da China, que teve a alíquota elevada ainda mais após uma troca de retaliações entre as duas economias.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 3,12%, a 127.795,93 pontos, vindo de quatro pregões seguidos de queda, período em que acumulou uma perda de 5,5%. Na mínima do dia, recuou a 122.887,13 pontos. Na máxima, tocou 128.648,95 pontos.

O volume financeiro na bolsa somou R$36,66 bilhões, em pregão marcado por forte volatilidade.

Trump anunciou tarifas recíprocas para produtos de parceiros comerciais na semana passada, adicionando preocupações sobre o crescimento global e provocando turbulência nos mercados, principalmente com a forte resposta de Pequim, com aumentos das taxas para os produtos dos EUA, apesar da ameaça do republicano.

Nesta quarta-feira, o presidente norte-americano disse que reduzirá temporariamente as novas tarifas sobre muitos países, ao mesmo tempo em que aumentará para 125% a tarifa sobre as importações chinesas, em relação ao nível de 104% que entrou em vigor à meia-noite.

Trump afirmou que suspenderá as tarifas direcionadas a outros países por 90 dias para dar tempo às autoridades norte-americanas de negociar com os países que têm buscado reduzi-las. Uma tarifa geral de 10% sobre quase todas as importações dos EUA permanecerá em vigor, segundo a Casa Branca.

O anúncio também não parece afetar as tarifas sobre automóveis, aço e alumínio que já estão em vigor.

De acordo com o analista de investimentos Gabriel Mollo, da Daycoval Corretora, o anúncio de Trump fez com que o mercado virasse muito rápido, com forte alta de ações principalmente de commodities, como Petrobras e Vale, que foram os papéis que mais sofreram após a implementação das tarifas.

"Acredito que agora o mercado vai destravar um valor, vai recuperar boa parte dessa perda dos últimos dias, mas o cenário segue incerto, afinal a China e os Estados Unidos vão continuar com essa guerra tarifária", ponderou.

Trump ainda afirmou na sequência que decidiu suspender as tarifas recíprocas para países que não retaliaram. Ele reconheceu que as pessoas estavam ficando "um pouco assustadas" com as tarifas, mas repetiu sua crença de que acordos comerciais serão alcançados com muitos países, incluindo a China.

Wall Street reagiu com entusiasmo às declarações de Trump. O S&P 500 fechou em alta de 9,52%, encerrando uma série de quatro quedas, em que acumulou um declínio de pouco mais de 12%. O Nasdaq Composite saltou 12,16% e o Dow Jones avançou 7,87%.

"Os mercados deram um cavalo de pau hoje com a decisão de Trump de pausar as tarifas... Apesar da elevada incerteza sobre o cenário comercial global, o mercado se animou hoje com o alívio nas tarifas", observou o especialista em renda variável Matheus Amaral, do Inter.

"É um bom dia, mas ressaltamos que tudo pode acontecer ao longo dessa guerra comercial, com as decisões de Trump e as reações de Xi Jinping", ponderou.

DESTAQUES

- VALE ON (BVMF:VALE3) subiu 5,39%, embalada pela melhora generalizada dos mercados, experimentando uma trégua após cinco quedas seguidas, período em que acumulou um declínio de quase 14%. Em Dalian, na China, o contrato futuro do minério de ferro mais negociado encerrou as negociações do dia com queda de 2,68%, a 689 iuanes (US$93,74) a tonelada. No início da sessão, o contrato atingiu mínima desde 24 de setembro, em 670,5 iuanes por tonelada.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) avançou 4,06% e PETROBRAS ON (BVMF:PETR3) valorizou-se 3,13%, acompanhando a recuperação dos preços do petróleo no exterior. O barril de Brent fechou em alta de 4,23%, a US$65,48, endossando a melhora do setor de óleo e gás da bolsa paulista como um todo. BRAVA ON, PETRORECONCAVO ON e PRIO ON (BVMF:PRIO3) subiram 0,11%, 3,85%, e 5,85%, respectivamente.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) encerrou com elevação de 1,83%, tendo também no radar dados do Banco Central mostrando que as concessões de empréstimos no Brasil caíram 1,2% em fevereiro ante janeiro, enquanto o estoque total de crédito subiu 0,4%, a R$6,487 trilhões. A inadimplência no segmento de recursos livres ficou em 4,5%, de 4,4% no mês anterior. BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) avançou 3,74%, BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) ganhou 0,43% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) subiu 2,49%.

- GPA (BVMF:PCAR3) ON disparou 18,89%, em dia mais positivo para o setor, com o índice de consumo da B3 (BVMF:B3SA3) em alta de 4,27%. O papel vinha de quatro quedas, tendo somado uma perda de 12,5% nesse intervalo. As ações têm mostrado forte volatilidade recentemente em meio à perspectiva de mudança do conselho de administração. Ainda no setor de varejo, MAGAZINA LUIZA ON saltou 11,28%.

- COGNA ON (BVMF:COGN3) avançou 11,94%, em tendência acompanhada pela rival YDUQS ON (BVMF:YDUQ3), que se valorizou 3,93%. Analistas do Bank of America (NYSE:BAC) também publicaram relatório sobre o setor, avaliando que o rali das ações não acabou, uma vez que as empresas retomaram a geração de caixa, refletindo uma competição mais amena em uma oferta e demanda mais equilibradas e melhores tendências operacionais. "Ainda vemos oportunidades e a Yduqs é nossa principal escolha."

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