Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda de mais de 1% nesta sexta-feira, contaminado pelo viés negativo no exterior, em meio a preocupações persistentes com o sistema bancário na Europa e Estados Unidos, a poucos dias da decisão de política monetária do banco central norte-americano.
No Brasil, notícias corporativas também fizeram preço, com Eztec (BVMF:EZTC3) entre as maiores baixas após resultado trimestral, enquanto 3R Petroleum (BVMF:RRRP3) saltou conforme a Petrobras ratificou continuidade do processo de transição do Polo Potiguar. Investidores também aguardam definição sobre a regra fiscal.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,4%, a 101.981,53 pontos, contabilizando uma perda de 1,58% na semana. O volume financeiro no dia somou34,2 bilhões de reais, em pregão marcado pelo vencimento de opções sobre ações.
"Tem um movimento de aversão a risco global, que de alguma maneira se reflete por aqui", afirmou Leandro De Checchi, analista de investimentos da Clear.
Ele avalia que novidades relacionadas ao novo arcabouço fiscal do Brasil na próxima semana podem trazer alguma melhoria ao mercado doméstico, embora não enxergue um cenário muito favorável, pelo menos no curto prazo, para ativos de risco.
De Checchi ressaltou que a próxima semana conta com uma agenda bastante relevante, com decisão de juros nos EUA e no Brasil, além de indicadores econômicos, que podem trazer novas sinalizações sobre o rumo da economia. "Promete (ser uma semana de) bastante volatilidade."
Destaques
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) caiu 2,87%, a 23,34 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) recuou 4,17%, a 13,33 reais, em dia negativo para o setor globalmente. Bancos brasileiros também começaram a suspender novas operações de empréstimo consignado a beneficiários do INSS.
- EZTEC ON perdeu 10,73%, a 13,31 reais, conforme a construtora divulgou na véspera queda de 56,5% no lucro líquido do quarto trimestre de 2022 ante o mesmo período do ano anterior, a 31,5 milhões de reais, diante de uma forte queda de margem gerada por provisão após uma entrega de projeto em São Paulo atrasar.
- CYRELA ON (BVMF:CYRE3) caiu 7,47%, a 14,74 reais, com o balanço do período de outubro a dezembro mostrando lucro líquido de 208 milhões de reais, queda de 4,5%, diante de alta marginal nas receitas, recuo na margem bruta e queima de caixa. A construtora teve uma queima de caixa de 54 milhões de reais nos três últimos meses do ano passado.
- ENERGISA UNIT (BVMF:ENGI11) recuou 6,43%, a 37,41 reais, mesmo após crescimento de 35% no lucro líquido ajustado recorrente do quarto trimestre, para 535,1 milhões de reais. A receita operacional líquida sem receita de construção caiu 18% e o endividamento líquido subiu 45,4%. A elétrica aprovou 325,7 milhões de reais em dividendos.
- 3R PETROLEUM ON (BVMF:) disparou 16,73%, a 31,75 reais, após a Petrobras ratificar a continuidade do processo de transição do Polo Potiguar. A compra do ativo pela companhia, pelo valor de 1,38 bilhão de dólares, foi aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras no ano passado, mas o processo de aquisição ainda não foi concluído.
- ECORODOVIAS ON (BVMF:ECOR3) saltou 8,86%, a 5,16 reais, conforme o lucro recorrente no quarto trimestre da operadora de concessões de infraestrutura somou 194,5 milhões de reais, alta de 180,6% frente ao mesmo período do ano anterior, em desempenho puxado pelo resultado operacional, ainda que os custos tenham mostrado elevação.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) subiu 1,07%, a 23,51 reais, apesar da fraqueza dos preços do petróleo no exterior. A petrolífera disse nesta sexta-feira que não viu fundamentos para suspender processos de vendas de ativos com contratos finais já assinados, após análises preliminares, e ratificou a continuidade desses desinvestimentos junto a compradoras, conforme comunicado de empresas nesta sexta-feira.
- VALE ON (BVMF:VALE3) avançou 1,2%, a 82,73 reais, em dia de alta moderada dos futuros do minério de ferro na China. O Itaú BBA também elevou a recomendação das ações da mineradora para "outperform".
(Por Paula Arend Laier)