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Ibovespa cede 0,60%, a 114,4 mil pontos, mas avança 1,18% na semana

Publicado 04.03.2022, 15:41
Atualizado 04.03.2022, 19:10
© Reuters.  Ibovespa cede 0,60%, a 114,4 mil pontos, mas avança 1,18% na semana
IBOV
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Com apenas duas sessões e meia desde a retomada dos negócios no início da tarde de quarta-feira de cinzas, o Ibovespa conseguiu sustentar ganho de 1,18% na semana, na contramão da aversão a risco no exterior, que colocou as perdas do intervalo nas principais praças mundiais entre 1,27% (S&P 500, de Nova York) e 12,84% (FTSE MIB, de Milão) - a bolsa de Moscou nem chegou a abrir esta semana. Hoje, a referência da B3 (SA:B3SA3) não escapou da incerteza derivada da escalada militar no leste europeu após o ataque militar russo, na madrugada, à maior usina nuclear do continente, em território ucraniano.

O índice fechou esta sexta-feira em baixa de 0,60%, aos 114.473,78 pontos, em dia de forte avanço para o petróleo e de leve queda para o minério, ambos ainda sustentados como outras commodities (trigo) e insumos (alumínio) pela incerteza geopolítica em dois grandes produtores de matérias-primas. No ano, o Ibovespa avança 9,21%.

Entre a máxima e a mínima desta sexta-feira, oscilou dos 115.165,55, da abertura, aos 113.389,43 pontos, com giro moderado, a R$ 28,2 bilhões no fechamento. Mesmo com desempenho negativo nesta sexta-feira após virtual estabilidade no dia anterior (-0,01%), o Ibovespa assegurou ganho na semana com o otimismo global da tarde de quarta-feira, quando prevalecia expectativa do mercado para um cessar-fogo. Assim, emenda agora duas semanas de avanço, vindo de modesto ganho de 0,23% no período anterior, marcado pela eclosão da guerra numa quinta-feira, 24 de fevereiro.

Com os olhos do mundo no acirramento do conflito, o medo de que os efeitos da crise - já perceptíveis no crescimento do número de refugiados - venham a colocar em risco a própria segurança de outros países europeus, e mesmo dos Estados Unidos, deixou em segundo plano, no retrovisor do Brasil, a leitura sobre o PIB de 2021, em recuperação ante o primeiro ano da pandemia, e lá fora, a forte leitura sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos em fevereiro, também divulgada nesta sexta-feira.

"Olhando dentro do S&P 500, o que está subindo (mais de 25% em fevereiro) é apenas o setor de energia. Há uma rotação ocorrendo em todo o mundo, com saída das ações de 'growth' (crescimento) para ativos mais defensivos. As ações de commodities são um hedge para inflação, e os preços das matérias-primas estão explodindo, sejam as cotações de alimentos, da energia ou dos materiais básicos, que é o que tem na Bolsa brasileira. Quem tem correlação com commodities acaba sendo alternativa neste momento de cautela. Basta ver o que está acontecendo também com a moeda da Austrália, outra economia, como a nossa, com exposição a commodities", observa Rodrigo Jolig, sócio e CIO da Alphatree Capital.

Da mesma forma, com toda aversão a risco que tem prevalecido no mundo desde o último dia 24, o dólar acumulou queda de 1,50% nesta semana frente ao real, tendo chegado na mínima de hoje a R$ 5,0260, com máxima a R$ 5,10, e fechamento a R$ 5,0783 (+1,00% na sessão). Em Nova York, mais uma vez o índice de tecnologia, Nasdaq, puxou as perdas do dia, em baixa de 1,66% no fechamento.

Aqui, a resiliência mostrada pelo câmbio e pela Bolsa indica que o Brasil, apesar da gravidade do momento, continua a atrair fluxo externo. "Temos um equilíbrio instável. Se a situação se agravar, pode prevalecer a fuga para qualidade, em dólar e Treasuries. Aí o fluxo pra cá seca", diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo. Ele destaca o movimento desta sexta-feira na curva de juros, em estresse, com os juros curtos subindo ainda mais do que os longos, mostrando que o mercado, que já precificava aumento de 100 bps para a Selic na próxima reunião do Copom (em 15 e 16 de março), precifica agora outro também, de 75 a 100 bps, em maio. "A percepção agora é esta: guerra, medo e commodities subindo; mais inflação, mais juros", acrescenta.

Ainda assim, a perspectiva do mercado financeiro para as ações no curtíssimo prazo mostrou melhora no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, em relação ao levantamento da semana passada. Entre os participantes, 46,15% disseram esperar ganho para o Ibovespa na semana que vem, porcentual maior do que os 23,08% apurados na última pesquisa. A fatia dos que preveem baixa recuou de 38,46% para 15,38% e a dos que responderam estabilidade permaneceu em 38,46%.

Na ponta positiva do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para Suzano (SA:SUZB3) (+6,70%), Bradespar (SA:BRAP4) (+4,97%) e Klabin (SA:KLBN11) (+4,83%). No lado oposto, Azul (SA:AZUL4) (-7,77%), Gol (SA:GOLL4) (-7,64%), e CVC (SA:CVCB3) (-6,67%). Entre as blue chips, apesar do avanço do petróleo, ajuste negativo para Petrobras (SA:PETR4) na sessão (ON -0,67%, PN -0,03%), enquanto Vale ON (SA:VALE3) avançou 2,28% apesar de pequena perda, pontual, no preço do minério de ferro nesta sexta-feira. Entre os grandes bancos, o dia foi de queda entre 1,52% (Itaú (SA:ITUB4) PN) e 2,88% (Bradesco (SA:BBDC4) PN).

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