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Ibovespa descola de NY e fecha em queda com fiscal sob holofote

Publicado 30.08.2023, 17:11
© Reuters. REUTERS/Amanda Perobelli
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, tendo renovado mínimas à tarde em meio à divulgação de detalhes do Orçamento de 2024, que prevê aumento de 129 bilhões de reais na despesa primária em relação a 2023.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,73%, a 117.535,1 pontos, em movimento descolado de Wall Street, onde o foco esteve voltado para dados de emprego e PIB dos Estados Unidos.

O Ibovespa chegou a flertar com o sinal positivo nesta quinta, alcançando 118.840,8 pontos na máxima da sessão. Na mínima, chegou a 117.470,87 pontos, com bancos entre as maiores pressões negativas.

A queda nesta sessão ocorre após dois dias consecutivos de alta, em que acumulou um ganho de mais de 2%. Com tal desempenho, acumula até o momento perda de 3,6% no mês.

O volume financeiro no penúltimo pregão de agosto somou 16,72 bilhões de reais.

Em audiência na Comissão Mista de Orçamento, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024 será apresentado com meta de déficit zero e, para isso, o governo precisa ampliar a arrecadação em 168 bilhões de reais.

Ela acrescentou que a PLOA trará todas as projeções de receitas para atingir esse objetivo, incluindo medidas que ainda dependem de aprovação do Congresso. E acrescentou que eventual fracasso em medidas inviabilizará o cumprimento do déficit zero.

Conforme observou o analista da CM Capital Pedro Canto, falas de Tebet causaram um pouco de mau humor nos negócios, elevando as taxas futuras de juros com prazos mais longos, o que respingou na bolsa, pressionando ações do setor de consumo.

Mais cedo, o Tesouro Nacional havia reportado que o governo central registrou déficit fiscal primário de 35,9 bilhões de reais em julho, forte deterioração ante o saldo positivo de 18,9 bilhões de reais um ano antes e pior do que as expectativas.

No exterior, a desaceleração no ritmo de criação de vagas no setor privado dos Estados Unidos em agosto e revisão para baixo do crescimento do PIB norte-americano no segundo trimestre corroboraram apostas de que o Fed deve parar, ao menos por ora, com novas altas dos {{eck-168||juros}}.

Canto ressaltou que ambas as divulgações sinalizaram desaquecimento da economia, o que é visto como uma boa notícia, pois indica que a política monetária do Fed está fazendo efeito.

"Tira um pouco a pressão por novos aumentos ou juros mantidos nesse patamar elevado por mais tempo", disse.

Em Nova York, o S&P 500 subiu 0,38%.

De acordo com o analista da Rico Antonio Sanches, o desempenho das bolsas norte-americanas refletiu a esperança de que os dados mais fracos permitam que o Fed não eleve os juros na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc)

"Apesar de parecer contraditório, o freio na economia pode indicar a efetividade dos juros mais altos para controlar a inflação", reforçou. O Fomc volta a se reunir em setembro.

Destaques

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) caiu 1,91%, a 27,67 reais, reflexo de realização de lucros após avançar 5% nos dois pregões anteriores, conforme agentes financeiros continuam especulando sobre o destino do mecanismo de juros sobre capital próprio. BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) recuou 2,13%, a 15,16 reais, alta de 4,45% nas primeiras sessões da semana.

- B3 ON (BVMF:B3SA3) fechou em baixa de 2,58%, a 13,22 reais, com Tebet ressaltando ao detalhar o Orçamento de 2024 que o fracasso em medidas como a que muda regras do Carf ou a regulamentação de vitórias tributárias na Justiça inviabilizará o cumprimento do déficit zero.

- CVC BRASIL ON  (BVMF:CVCB3) disparou 17,09%, a 2,74 reais, ainda sob efeito da recuperação judicial da plataforma de viagens 123 Milhas na véspera. O movimento ocorre após o papel ter renovado mínimas históricas na segunda-feira, quando ainda acumulava um declínio de quase 50% em 2023. Na terça-feira, após o pedido da 123 Milhas, as ações fecharam em alta de mais de 6%. A CVC também divulgou na noite da véspera um programa de recompra de debêntures de 75 milhões de reais, relacionado ao aumento de capital realizado em junho pela operadora de turismo.

- IRB (RE) ON (BVMF:IRBR3) recuou 5,2%, a 45,04 reais, com realização de lucros após seis pregões seguidos de valorização, período em que acumulou alta de quase 20%. Em relatório a clientes, analistas do Citi afirmaram que participaram do Investor Day da resseguradora, no qual a empresa reiterou a meta de retomar a fase de crescimento em 2024, embora sem fornecer um guidance, com uma companhia mais bem estruturada e que deverá entregar rentabilidade crescente.

- MINERVA ON (BVMF:BEEF3) perdeu 3,48%, a 8,6 reais, revertendo a tentativa de recuperação vista mais cedo e ainda sendo penalizada pelo acordo envolvendo a compra de ativos da Marfrig, em meio a receios sobre o nível de endividamento da companhia. Na véspera, a ação já havia desabado cerca de 18%. MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) caiu 1,07%, a 7,37 reais, após disparar na véspera depois do anúncio das empresas feito na noite de segunda-feira.

© Reuters. REUTERS/Amanda Perobelli

- VALE ON (BVMF:VALE3) terminou o dia com variação positiva de 0,02%, a 64,98 reais, em dia de recuperação dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange avançou quase 2%.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) subiu 0,68%, a 32,62 reais, em sessão com alta dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent fechou com elevação de 0,43%, a 85,86 dólares o barril.

- CEMIG PN (BVMF:CMIG4) avançou 1,53%, a 12,61 reais. Na véspera, o ministro Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o projeto proposto pelo governo de Minas Gerais para retirar a necessidade de referendo popular para privatização da Cemig se trata de uma "afronta à democracia".

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