Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa começou a quarta-feira disparando acima dos 85 mil pontos, após nova pesquisa eleitoral reforçar o momento mais favorável a Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial, ao mesmo tempo em que mostrou aumento da rejeição ao petista Fernando Haddad, endossando especulações no mercado de uma possível vitória do candidato de direita no primeiro turno.
Às 11:00, o índice de referência do mercado acionário brasileiro subia 2,95 por cento, a 84.015,81 pontos, em movimento liderado por papéis de companhias com controle estatal. Na máxima, subiu 4,69 por cento, a 85.441,79 pontos. O volume financeiro já somava 6,6 bilhões de reais.
"O mercado está reagindo ao melhor desempenho de Bolsonaro combinado com certo enfraquecimento de Haddad, particularmente o aumento da rejeição, apurados nas pesquisas Ibope e Datafolha dessa semana", afirmou o gestor Marco Tulli, da mesa de Bovespa da corretora Coinvalores, em São Paulo.
"Os números corroboram expectativas de vitória de Bolsonaro no segundo turno e já há alguns apostando que ele vence neste domingo", disse.
Pesquisa Datafolha conhecida na noite de terça-feira mostrou Bolsonaro com 32 por cento das intenções de voto, enquanto o candidato do PT registrou 21 por cento. No levantamento anterior do Datafolha, divulgado na sexta-feira, o presidenciável do PSL tinha 28 por cento e o petista registrava 22 por cento. Sondagem Ibope conhecida na segunda-feira a noite mostrou o mesmo movimento.
A pesquisa Datafolha também mostrou um salto na rejeição de Haddad. O percentual dos que afirmam que não votariam no petista de jeito nenhum, de acordo com o instituto, é de 41 por cento, ante 32 por cento na sondagem anterior. Bolsonaro ainda segue como o candidato mais rejeitado, mas o percentual passou de 46 para 45 por cento entre as duas apurações.
"As pesquisas sugerem crescente probabilidade de Bolsonaro ganhar ainda no primeiro turno", endossa o gestor Marcello Paixão, sócio da administradora de recursos Constância, acrescentando ainda que o tanto investidores estrangeiros como locais estavam com pouca exposição a ações brasileiras, o que ajuda a explicar as variações expressivas na bolsa paulista.
A trajetória positiva nos pregões em Wall Street endossava os ganhos domésticos, com o S&P 500 em alta de 0,38 por cento e o Dow Jones avançando 0,4 por cento, após abrir em máxima recorde, favorecidos particularmente pelo desempenho de ações do setor financeiro após recuperação nos mercados europeus.
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) valorizava-se 7,7 por cento, capitaneando os ganhos de bancos do Ibovespa, que figuram entre os papéis mais suscetíveis a especulações eleitorais. ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) subia 4,06 por cento, BRADESCO PN (SA:BBDC4) ganhava 4,6 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) avançava 4,75 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) saltava 5,2 por cento, também entre os maiores ganhos, uma vez que os papéis da petrolífera de controle estatal também muito sensível ao cenário eleitoral. PETROBRAS ON (SA:PETR3) avançava 4,6 por cento. A companhia voltou a deter nessa semana o maior valor de mercado na bolsa paulista, de cerca de 335 bilhões de reais.
- ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) e ELETROBRAS ON (SA:ELET3) subiam 11,2 e 9,9 por cento, respectivamente, também influenciadas por apostas eleitorais, dado seu controle estatal, assim como COPEL PNB (SA:CPLE6), que subia 7,73 por cento, e CEMIG PN (SA:CMIG4), que tinha elevação de 4,26 por cento.
- GOL (SA:GOLL4) PN avançava 5,31 por cento, beneficiada pelo declínio de mais de 2 por cento do dólar frente ao real, uma vez que o câmbio tem forte impacto nos custos da companhia aérea.
- SUZANO (SA:SUZB3) e FIBRIA ON (SA:FIBR3) caíam 2,01 e 0,16 por cento, respectivamente, com o recuo do dólar ante o real abrindo espaço para alguma realização de lucros, particularmente em Suzano, que acumula alta ao redor de 150 por cento no ano.