Atualizada às 15h49
Por Leandro Manzoni
Investing.com - O sentimento de aversão ao risco dos ativos locais se intensificou após a fala do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) na Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta sexta-feira (25) em São Paulo. O petista, cotado para ser ministro da Fazenda, abordou pouco a questão fiscal em sua conversa com banqueiros, dando indicação de gastos maiores devido ao Orçamento de 2023 trazer dificuldades para atingir “qualquer compromisso programado”.
Às 15h49, o Ibovespa aprofundava as perdas para 108.629 pontos, queda de 2,86%, com mínima em 108.551 pontos e volume financeiro de R$ 11,33 bilhões. Já o dólar futuro subia 1,76% a R$ 5,4143, com pico em R$ 5,4238.
Somente 1 das 91 ações que compõem o Ibovespa operava em alta. Os papéis do IRB (BVMF:IRBR3) subiam 1,25% a R$ 0,81. As maiores baixas eram de CVC Brasil (BVMF:CVCB3) (-7,25%), SulAmérica (BVMF:SULA11) (-7,12%) e Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) (-6,67%).
Nos EUA, o índices Dow Jones fechou em alta de 0,45% a 34.347 pontos em dia de negociação mais curta devido ao feriado prolongado do Dia de Ação de Graças no país. Já o S&P 500 e o Nasdaq recuaram respectivamente 0,03% e 0,52%.
O que disse Haddad?
Para Haddad, o Orçamento precisa ser reconfigurado, de modo a dar consistência ao gasto público, repensando gastos autorizados e gastos represados, como investimentos em ciência e tecnologia. “É possível controlar a dívida e a inflação sem aumentar a carga tributária”, disse o petista.
Em relação a reformas, o ex-prefeito disse que a prioridade do governo eleito é a tributária, com a "determinação clara" de tramitá-la no início do governo, para em seguida reformular impostos sobre renda e patrimônio.
Haddad fez sinalização ao Congresso ao afirmar que o Legislativo "pode e deve" participar da gestão do Orçamento, mas de forma transparente e com eficiência, criticando às emendas do relator chamadas de "Orçamento Secreto" por não carimbar o destino dos recursos.
Em relação ao setor bancário, Haddad defendeu o barateamento do crédito a partir da redução dos "spreads", sem dar detalhes. No governo Dilma, os bancos públicos foram utilizados para conceder crédito a uma taxa menor do que a concorrência, prejudicando a sua lucratividade.
As ações do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) recuavam 2,74% a R$ 34,05, perdas menores do que as do Itaú (BVMF:ITUB4) PN (-3,75%) e das units do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) (-4,77%), mas maior que o recuo de Bradesco PN (BVMF:BBDC4) (-2,11%) e Santander Brasil (BVMF:SANB11) (-2,45%).
Haddad disse que não foi ao evento da Febraban como representante da equipe de transição, mas do presidente eleito Lula.
Reação dos banqueiros
A apresentação de Haddad não agradou os presentes na reunião. Banqueiros veem falta de plano concreto do futuro governo no discurso do ex-prefeito, especialmente para a política fiscal, segundo a Agência Estado. "Sem meta, sem planos, sem nomes. Nada de concreto", resumiu o presidente de um banco ao Broadcast.
Executivo de outro banco classificou o discurso como "protocolar". Um terceiro dirigente ouvido pelo Broadcast sentiu falta de plano concreto por ser esperado pelo momento, já que Haddad foi como representante de Lula.