Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - Após começar a semana recuperando níveis do começo de março, o Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, em meio a ajustes, com bancos entre as maiores pressões de baixa e tendo de pano de fundo correção negativa também em Wall Street.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,19%, a 97.761,04 pontos. O volume financeiro no pregão somou 25,4 bilhões de reais.
Na véspera, o Ibovespa fechou em alta de mais de 2% e no maior patamar em quatro meses, em meio a perspectivas positivas de recuperação econômica pós-Covid-19 e com intenso noticiário corporativo no país.
"Esse ânimo desenfreado criou as condições para que hoje houvesse essa realização de lucros", afirmou o analista Ilan Albertman, da Ativa Investimentos.
A queda das ações no Brasil acompanhou o viés nas bolsas norte-americanas, onde o S&P 500 fechou em baixa de 1%, após cinco pregões de alta, maior série de ganhos neste ano, e novo aumento nos casos de coronavírus nos EUA.
No Brasil, o anúncio de que o presidente Jair Bolsonaro está com Covid-19 também ocupou as atenções, embora, na bolsa, profissionais do segmento de renda variável tenham observado um impacto limitado.
A notícia, segundo um gestor ouvido pela Reuters, traz alguma incerteza e qualquer efeito relevante no mercado dependerá da evolução do quadro de saúde do presidente.
"No caso de uma piora significativa da saúde (de Bolsonaro), bagunça o cenário no curto prazo, mas se o quadro for tranquilo, não muda muito", afirmou.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 4,9% e BRADESCO PN (SA:BBDC4) perdeu 4,15%, após valorização expressiva na véspera, em meio a novos ruídos envolvendo projeto que estabelece teto para os juros de cartões de crédito e cheque especial. Apesar de temporário, analistas do Credit Suisse destacaram que a definição de um teto é potencialmente negativa para os lucros dos bancos em 2021. BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) perdeu 4,01% e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) recuou 4,36%. BTG PACTUAL UNIT destoou e fechou em alta de 2,03%.
- CVC (SA:CVCB3) BRASIL ON cedeu 6,93%, maior queda do Ibovespa, após liderar as altas na véspera, quando fechou com elevação de 10,55%. Antes da abertura, a operadora de turismo comunicou que está em tratativas internas finais quanto aos termos e condições definitivos de uma operação de capitalização, bem como apresentou atualizações sobre processo relacionado a erros contábeis e efeitos da pandemia de Covid-19.
- LOJAS AMERICANAS PN (SA:LAME4) e B2W ON (SA:BTOW3) recuaram 2,61% e 0,97%, respectivamente, também após forte valorização na véspera, depois que a Lojas Americanas anunciou oferta de ações de até 7 bilhões de reais que inclui B2W como um dos destinos dos recursos captados na operação. A Lojas Americanas disse que avalia capitalizar a B2W em 3 bilhões de reais.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) caíram 1,24% e 1,68%, respectivamente, com o petróleo fechando em baixa no exterior. A companhia anunciou nesta terça-feira aumento médio de 5% para a gasolina vendida em suas refinarias a partir de quarta-feira, enquanto manteve a cotação do diesel, em momento de firmeza nos preços internacionais do petróleo e de uma melhora no mercado de combustíveis no país.
- VALE ON (SA:VALE3) fechou com variação negativa de 0,35%, apesar da alta dos preços futuros do minério de ferro na China, com o surgimento de dúvidas em relação a um esperado aumento dos embarques do Brasil. No setor de mineração e siderurgia, porém, USIMINAS PNA (SA:USIM5) caiu 2,1%, GERDAU PN (SA:GGBR4) perdeu 2,35% e CSN ON (SA:CSNA3) recuou 2,32%.
- MARFRIG ON (SA:MRFG3) terminou com elevação de 7,92%, em sessão positiva para o setor de proteínas na bolsa. JBS ON (SA:JBSS3) avançou 2,82% e MINERVA ON (SA:BEEF3) valorizou-se 2,85%.
- B3 ON subiu 1,15%. O BTG Pactual (SA:BPAC11) elevou o preço-alvo da ação a 65 reais (de 58 reais antes), bem como previsão de lucro para o ano e reiterou recomendação de compra, citando dados preliminares de junho, com volumes muito fortes e acelerando versus maio.