Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, com Cyrela capitaneando os ganhos após prévia operacional robusta no segundo trimestre, enquanto dados de inflação nos Estados Unidos reforçaram expectativas de que o ciclo de aperto monetário do Federal Reserve acabará em breve, endossando apetite a risco.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,36%, a 119.263,89 pontos, tendo oscilado entre a mínima de 117.668,13 pontos e a máxima de 119.739,09 pontos. O volume financeiro somou 20,7 bilhões de reais.
Nos EUA, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) desacelerou a alta para 0,1% no mês passado, menor acréscimo em quase três anos e abaixo da expectativa de analistas (+0,2%). Números de maio ainda foram revisados para baixo. Na véspera, dados de inflação ao consumidor também agradaram.
Mesmo que os últimos dados de inflação não tenham afetado as perspectivas de que o Fed elevará os juros no final do mês em 0,25 ponto percentual, eles alimentaram apostas de que pode ser o último aumento de um ciclo que começou em março de 2022. Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 0,85%.
"Nós temos uma influenciação muito grande ainda do mercado norte-americano, então qualquer dado que seja positivo em relação à inflação, à perspectiva de queda de juros (nos EUA), isso impacta positivamente o mercado nacional", afirmou Alexandre Cruz, sócio e assessor da Quattro Investimentos.
Ele ressaltou, contudo, que há também uma combinação de fatores domésticos que tem corroborado no desempenho mais positivo da bolsa brasileira, principalmente a partir de maio, incluindo o avanço da nova regra fiscal e da reforma tributária, além da perspectiva crescente de queda da Selic.
Destaques
- CYRELA ON (BVMF:CYRE3) saltou 8,69%, a 22,51 reais, após dados operacionais mostrando alta de 53,6% nas vendas no segundo trimestre, enquanto os lançamentos cresceram 51,1%. A equipe da Guide Investimentos considerou os números "excelentes".
- VALE ON (BVMF:VALE3) avançou 2,33%, a 68,61 reais, com os futuros de minério de ferro subindo pela terceira sessão consecutiva na Ásia, após fortes dados de importação de minério de ferro pela China em junho e pelo crescimento do crédito.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) ganhou 1,58%, a 29,63 reais, endossado pela alta dos preços do petróleo no mercado internacional, onde o contrato Brent subiu 1,56%, a 81,36 dólares o barril.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) fechou com acréscimo de 1,1%, a 28,58 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) encerrou com variação positiva de 2,48%, a 16,55 reais, beneficiando-se do clima mais favorável a risco.
- JBS ON (BVMF:JBSS3) valorizou-se 2,77%, a 19,32 reais, ainda embalada pelos planos de listar suas ações em Nova York. "Uma listagem dupla alinharia melhor a estrutura corporativa da JBS com seus pares globais", segundo o Goldman Sachs (NYSE:GS).
- YDUQS ON (BVMF:YDUQ3) perdeu 2,48%, a reais, em sessão de ajustes, após saltar mais de 180% no segundo trimestre. A rival COGNA ON (BVMF:COGN3) subia 2,21 %, a 3,24 reais. De abril a junho, o papel acumulou alta de mais de 70%.
- AZUL PN (BVMF:AZUL4) recuou 2,48%, a 18,11 reais, ampliando a correção em junho, após salto no segundo trimestre. A aérea concluiu plano de reestruturação com emissão de 800 milhões de dólares em dívida nesta quinta. GOL PN (BVMF:GOLL4) caiu 3,21%.
- HIDROVIAS DO BRASIL ON (BVMF:HBSA3), que não está no Ibovespa, subiu 2,31%, a 3,54 reais, após precificar oferta secundária a 3,40 reais por ação, com venda de lote adicional de papéis por acionistas diante da demanda de investidores.