Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, chegando a superar os 98 mil pontos no melhor momento, com alívio no ruído político e apostas favoráveis para a proposta da reforma da Previdência, em movimento endossado pelo viés positivo em Wall Street.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,19 por cento, a 97.659,15 pontos. O volume financeiro da sessão somou 15,3 bilhões de reais.
O governo demitiu na véspera o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, a fim de aplacar o imbróglio envolvendo um dos principais nomes da equipe do presidente Jair Bolsonaro.
Na visão de alguns profissionais do mercado, o evento envolvendo Bebianno fez seu preço no curto prazo e aparentemente está encerrado, embora tenha tido um efeito negativo na agenda do governo, adiando a chance de algo de concreto em breve.
O analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, relacionou o declínio nos dois pregões anteriores ao ruído político com o episódio Bebianno, mas ressaltou que agora o foco volta todo à reforma da Previdência e à entrega do texto final.
"As mesas de negociações acompanham (o tema) como principal motivação de compra das ações em 2019", afirmou. Bolsonaro pode ir pessoalmente nesta quarta-feira ao Congresso entregar a proposta da reforma da Previdência.
Para Frederico Mesnik, sócio-fundador da Trígono Capital, os últimos eventos corroboram apostas de que a reforma da Previdência agora deve andar, incluindo entre investidores estrangeiros. "Tiraram o bode da sala", afirmou.
Em Wall Street, os pregões fecharam com modestos ganhos, apoiados em resultados positivos do Walmart e expectativas para nova rodada de negociações entre Estados Unidos e China.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) fechou em alta de 2,3 por cento, em sessão positiva para bancos, com BRADESCO PN (SA:BBDC4) avançando 0,85 por cento, BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) subindo 0,42 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) valorizando-se 1,87 por cento. Analistas do Itaú BBA reiteraram visão positiva para o setor no Brasil, com destaque para Bradesco e BB.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) avançou 2,32 por cento, em pregão sem tendência única nos contratos de petróleo no exterior, com o Brent recuando e o WTI fechando em alta.
- ENGIE BRASIL avançou 4,36 por cento, tendo como pano de fundo expectativa positiva para o balanço do quarto trimestre, após o fechamento da bolsa. Analistas do Credit Suisse esperam bons resultados, mas avaliam que o mercado antecipou uma parte dessa tendência.
- RD (SA:RADL3) subiu 2,88 por cento, em movimento de correção após acumular queda de 7 por cento em fevereiro até a véspera. Notas de corretoras citam o papel entre as ações difíceis de encontrar para alugar para venda. A rede de varejo farmacêutico divulga balanço na próxima semana.
- NATURA valorizou-se 3,36 por cento, com o balanço que será divulgado nesta semana no radar, além de especulações envolvendo a negociação entre Reino Unido e China sobre suspensão de proibições de cosméticos britânicos não testados em animais, o que beneficiaria a controlada The Body Shop (TBS).
- VALE (SA:VALE3) encerrou com acréscimo de 0,53 por cento, alinhada à alta dos preços do minério de ferro na China, enquanto segue volátil com o noticiário na esteira do rompimento de barragem da empresa que matou pelo menos 169 pessoa no final de janeiro.
- VIA VAREJO caiu 3,47 por cento, após forte alta na segunda-feira, enquanto MAGAZINE LUIZA (SA:MGLU3) subiu 0,66 por cento e B2W (SA:BTOW3) avançou 0,17 por cento.
- JBS (SA:JBSS3) recuou 1,4 por cento, encerrando uma série de quatro pregões de alta, período em que acumulou valorização de 4,3 por cento.