Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, começando setembro no azul após dois meses seguidos de perdas, refletindo o quadro externo favorável, além de ajustes de posições tradicionais de começo de mês.
Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa subiu 0,52%, a 119.395,60 pontos. O volume financeiro da sessão somou 29,5 bilhões de reais.
Na véspera, o Ibovespa teve declínio de 0,8%, acumulando em agosto perda de 2,5%, após uma queda de 3,9% em julho, em meio à piora do sentimento em relação ao Brasil com percepção de aumento dos riscos fiscais e políticos.
Estrategistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) veem a bolsa paulista ainda volátil e sem tendência em setembro, enquanto investidores aguardam desfechos sobre o novo programa social ampliado e pagamento de precatórios, segundo relatório a clientes.
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"O mercado quer uma solução que respeite, tanto quanto possível, o teto de gastos - a poderosa, mas infelizmente única, âncora fiscal do Brasil", afirmaram, avaliando que preservar essa regra pode reacender a tendência de alta das ações.
No exterior, o índice Nasdaq renovou máximas, com dados mais fracos que o esperado sobre empregos no setor privado dos EUA, enquanto a atividade fabril acelerou.
A ADP reportou mais cedo que foram criadas 374 mil vagas no setor privado em agosto, abaixo do previsto por economistas, que estimavam a criação de 613 mil postos de trabalho.
O índice de atividade fabril nacional medido pelo Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês), por sua vez, avançou para 59,9 em agosto, ante 59,5 em julho e acima do esperado.
Para o diretor de investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, a expectativa de que esse conjunto leve à manutenção de estímulos pelo Federal Reserve ajudou o Ibovespa.
"Apesar do ISM melhor, número menor da ADP deixa investidores mais tranquilos de que os juros não irão subir tão cedo (nos EUA)", afirmou.
No Brasil, a sessão também foi marcada por dados mostrando que a economia brasileira encolheu 0,1% no segundo trimestre, refletindo desempenhos fracos da indústria e da agropecuária, que ofuscaram a força de serviços.
DESTAQUES
- B3 ON (SA:B3SA3) avançou 2,56%, na segunda alta seguida, após terminar agosto com declínio de 7,7%, com analistas avaliando que os efeitos de volumes menores do que o esperado, riscos de competição e legais, já estão no preço.
- MARFRIG ON (SA:MRFG3) fechou em alta de 4,88%, renovando máximas desde março de 2010, em sessão sem viés único no setor de proteínas, com JBS ON (SA:JBSS3) terminando estável e MINERVA ON (SA:BEEF3) caindo 1,67%.
- ENEVA (SA:ENEV3) ON valorizou-se 4,02%, em sessão de ajustes após perder 7% no mês passado, em sessão positiva para o setor elétrico, com o índice do segmento na B3 avançando 2,43%, tendo no radar a crise hídrica no país.
- ELETROBRAS ON (SA:ELET3) avançou 2,79%, após o governo dar mais um passo para a capitalização da elétrica, fixando em 62,5 bilhões de reais o valor adicionado pelos novos contratos de concessão de geração para as 22 usinas da empresa.
- VALE ON (SA:VALE3) subiu 0,17%, revertendo perdas do começo do pregão, com o setor de mineração e siderurgia terminando sem sinal único, após mais uma sessão de baixa dos preços do minério de ferro na China. USIMINAS PNA (SA:USIM5) recuou 2,59%.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) caiu 0,55%, em meio a oscilações discretas do petróleo no exterior, além de ruídos envolvendo os preços de combustíveis no país.