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Ibovespa recua abaixo de 116 mil pontos com EUA e tensão geopolítica minando apetite a risco

Publicado 17.10.2023, 17:05
© Reuters
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, conforme dados econômicos norte-americanos corroboraram o cenário de juros elevados por mais tempo nos Estados Unidos e o conflito entre Israel e Hamas continuou freando o apetite a risco global.

A pressão negativa, contudo, foi amortecida pelo avanço das ações da Petrobras, após a divulgação de dados recordes de produção pela companhia no terceiro trimestre.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,54%, a 115.908,43 pontos. Na máxima do dia, chegou a 116.916,68 pontos (+0,33%). Na mínima, a 115.563,93 pontos (-0,83%).

O volume financeiro somou 21,2 bilhões de reais.

Nos EUA, os rendimentos dos títulos do Tesouro avançaram após dados de varejo. O Treasury de 10 anos marcava 4,8383% no final do dia, enquanto o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou quase estável.

Para o especialista da Blue3 Investimentos Victor Hugo Israel, o crescimento bem acima das expectativas nas vendas do varejo nos EUA foi o catalisador do dia.

O resultado corrobora um cenário em que "o banco central norte-americano deve, no mínimo, manter os juros em patamares elevados por um período bem mais longo do que aquilo que era projetado (pelo mercado)", afirmou.

De acordo com o Departamento de Comércio, as vendas no varejo aumentaram 0,7% no mês passado, enquanto os dados de agosto foram revisados para cima, mostrando um aumento de 0,8% nas vendas, em vez de 0,6%, conforme informado anteriormente.

Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,3% em setembro.

"Os Estados Unidos vêm apresentando dados fortes na economia e provavelmente o banco central americano deve seguir com discurso duro", acrescentou o analista da VG Research Lucas Lima.

Para ele, esse cenário nos EUA dificulta uma aceleração no ritmo de cortes pelo Banco Central no Brasil, mesmo com dados como o do setor de serviços no país divulgados nesta terça-feira, mostrando uma contração inesperada em agosto ante julho.

Agentes financeiros também continuam cautelosos com potenciais desdobramentos envolvendo a guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas, como o envolvimento de outros países, além do risco de fracasso dos esforços diplomáticos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitará Israel na quarta-feira para demonstrar apoio no conflito contra o Hamas, enquanto Washington também busca reunir os Estados árabes para ajudar a evitar uma guerra regional mais ampla.

"Ainda é muito cedo para baixar a guarda" ponderou a analista sênior do Swissquote Bank, Ipek Ozkardeskaya, em nota a clientes, referindo-se ao posicionamento mais defensivo em relação a ativos considerados mais arriscados.

Nesta terça-feira, um ataque aéreo matou centenas de pessoas em um hospital da Cidade de Gaza, segundo autoridades de saúde locais. Israel negou ser responsável, atribuindo o ataque ao grupo palestino Jihad Islâmica.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) avançou 2,70%, a 37,67 reais, novo recorde histórico, após divulgar na véspera, depois do fechamento do mercado, que produziu, como operadora, um recorde de 3,98 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia no terceiro trimestre, 7,8% acima do trimestre anterior. A Petrobras ainda informou que sua projeção de produção operada para este ano está em revisão e que um novo número será publicado em 9 de novembro, junto com o resultado financeiro da companhia no terceiro trimestre. No pano de fundo das negociações das ações, o barril de petróleo Brent terminou o dia com elevação de 0,28%.

- VALE ON (BVMF:VALE3) fechou em alta de 0,82%, a 67,85 reais, em sessão de alta dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado em Dalian encerrou as negociações diurnas com elevação de 2,12%. A companhia também anunciou a criação de uma empresa que irá comercializar e distribuir areia proveniente de seus rejeitos de minério de ferro.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) cedeu 1,48%, a 27,32 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) perdeu 1,02%, a 14,49 reais, tendo no radar declarações do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, de que o debate sobre a mudança no mecanismo dos juros sobre capital próprio (JCP) avançou no Congresso. Investidores também acompanham discussões sobre mudança nas regras do rotativo do cartão de crédito. No setor financeiro, o destaque negativo foi B3 ON (BVMF:B3SA3), que encerrou em baixa de 4,00%, a 11,27 reais.

- MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) declinou 5,59%, a 1,69 real, tendo como pano de fundo aumento da inclinação da curva futura de juros no Brasil, acompanhando o movimento dos Treasuries, bem como uma contração inesperada no setor de serviços em agosto. A varejista também informou que decidiu pedir adesão ao programa Remessa Conforme, que oferece isenção do Imposto de Importação para compras de até 50 dólares vindas do exterior, e planeja enviar a solicitação ao governo ainda nesta semana. No setor, CASAS BAHIA ON caiu 3,51%, a 0,55 real. O índice do setor de consumo na B3 recuou 1,53%.

- GOL (BVMF:GOLL4) PN valorizou-se 4,28%, a 7,80 reais, tendo no radar expectativas preliminares sobre o desempenho da companhia divulgadas pela empresa para o terceiro trimestre, incluindo previsão de prejuízo por ação de cerca de 0,70 real. De acordo com a equipe do Bradesco BBI, com base nos dados, a companhia alcançou Ebitda ajustado de 1,2 bilhão de reais no terceiro trimestre. Apesar de considerarem um forte crescimento de Ebitda, os analistas avaliam que companhia pode enfrentar dificuldades para sustentar a rentabilidade.

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