Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, na máxima da sessão e próximo aos 121 mil pontos, favorecido pelo cenário externo, com novas máximas em Wall St, embora persista o desconforto com a situação político-fiscal no país.
Índice de referência da bolsa brasileiro, o Ibovespa subiu 0,5%, a 120.817,71 pontos, revertendo a fraqueza de parte da sessão, chegando a cair a 119.225,93 pontos.
O volume financeiro no pregão somou 24,8 bilhões de reais.
Em Nova York, o S&P 500 avançou 0,2%, para uma nova máxima histórica, assim como o Nasdaq, que subiu 0,15%, sem notícias para minar o sentimento positivo no mercado.
A atenção no exterior está voltada ao simpósio do Federal Reserve, em Jackson Hole, principalmente a fala do chair do Fed, Jerome Powell, na sexta-feira, que pode trazer sinais sobre os próximos passos da política monetária norte-americana.
No Brasil, na visão do diretor da plataforma de análises Ohmresearch, Roberto Attuch, sinalizações de que o Congresso Nacional será responsável fiscalmente ajudaram a estabilizar a bolsa, embora o país viva um momento difícil.
O estresse político-institucional e as discussões sobre um aumento do Bolsa Família e a questão precatórios, segundo ele, tendo no horizonte a eleição presidencial em 2022, têm minado as perspectivas fiscais e prejudicado o mercado doméstico.
Apesar do bom momento no exterior, com índices renovando máximas, "a bolsa brasileira está sofrendo em função de fatores domésticos, basicamente o político contaminando a questão fiscal", afirmou.
A pauta macro do dia teve forte crescimento na arrecadação federal no mês passado, mas aceleração da prévia da inflação oficial em agosto e aumento da dívida pública federal em julho.
Do ponto de vista gráfico, o Itaú BBA afirmou que o Ibovespa segue em recuperação, com resistências em 121.300 e 123.600 pontos. "Importante acompanhar se a evolução desse movimento conseguirá tirar o índice da tendência de baixa de curto prazo."
Destaques
Suzano (SA:SUZB3) ON subiu 5,44%, ampliando a alta em agosto para mais de 15%, em meio a percepções de analistas de que o pior pode ter ficado para trás em termos de pressão no preço de celulose. KLABIN UNIT (SA:KLBN11) ganhou 3,9%. Braskem PNA (SA:BRKM5) avançou 3,92%, após o Santander (SA:SANB11) reiterar recomendação de compra para as ações e elevar o preço-alvo de 58 para 70 reais, avaliando que o momento positivo para os spreads petroquímicos continuará, e que a empresa deve se beneficiar de aspectos operacionais até 2022. Os analistas do banco também avaliam que a forte geração de caixa e menos alavacagem devem se traduzir em dividendos.
Petrobras PN (SA:PETR4) subiu 0,54%, com o petróleo firmando-se no exterior. O noticiário sobre a companhia incluiu o pagamento da primeira parcela da antecipação da remuneração aos acionistas referente a 2021, e a solicitação de acionistas para adoção de voto múltiplo em eleição para conselho de administração. Além disso, a EIG Global Energy Partners enviou à Petrobras oferta vinculante de centenas de milhões de dólares pelos gasodutos TBG e TSB, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto.
Vale ON (SA:VALE3) recuou 0,21%, retomando o viés negativo após uma trégua na véspera, quando fechou em alta de 3,65%, na maior alta percentual diária desde o começo de maio. Nem a alta dos futuros do minério de ferro na China evitou o declínio. No setor de mineração e siderurgia, o destaque negativo foi CSN ON (SA:CSNA3), que encerrou em baixa de 2,31%.
Banco Inter Unit (SA:BIDI11) caiu 4,42%, pior desempenho entre os bancos do Ibovespa, que tiveram um fechamento misto, com Itau Unibanco PN (SA:ITUB4) subindo 0,13% e Bradesco PN (SA:BBDC4) avançando 0,17%.
Americanas ON recuou 1,35%, após forte valorização na véspera, quando subiu quase 10%. No setor de e-commerce, Magazine Luiza ON (SA:MGLU3) avançou 1,61% e Via ON cedeu 0,27%. Em Nova York, Mercado Livre (NASDAQ:MELI) valorizou-se 0,9%, tendo de pano de fundo a compra da plataforma de entrega de encomendas Kangu, ampliando a aposta em logística própria como diferencial na América Latina.