O Ibovespa opera nesta sexta-feira descolado da alta das bolsas americanas e cai para a faixa dos 126 mil pontos. Em Nova York, as bolsas sobem com ações de tecnologia, após cederem ontem.
Os investidores avaliam o payroll, divulgado mais cedo nos Estados Unidos. Em março, os EUA criaram 303 mil vagas de emprego, superando a projeção de 200 mil, e os salários subiram um pouco mais do que esperado. Já a taxa de desemprego cedeu a 3,8%, ficando menor do que a estimativa de 3,9%.
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Os dados podem elevar as incertezas quanto ao início do ciclo de queda dos juros americanos em junho. Os juros dos Treasuries avançam, refletindo na curva brasileira.
Apesar de o payroll forte gerar cautela, importante agora é ver como virá a inflação americana de março, medida pelo CPI, que sairá na semana que vem, avalia Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas. "O fato de o mercado de trabalho estar aquecido é bom, mas é claro que traz cautela. O ponto positivo é que os salários vieram em linha. Então, não muda a cabeça do Fed. Não tira a expectativa de queda dos juros americanos em junho, mas temos de ver como virá o CPI após o resultado passado", diz.
"Na margem, o payroll forte é negativo para os mercados", diz Bruno Takeo, da Ouro Preto Investimentos. O analista ressalta que não só o resultado em si da criação de vagas em março traz cautela, como também a revisão do dado de fevereiro ainda que para baixo. "A revisão foi pouco, ou seja, a economia segue aquecida", diz.
Com a queda de hoje, o Índice Bovespa aprofunda a perda semanal para cerca de 1,20%. Ontem, encerrou com elevação marginal de 0,09%, aos 127.427,53 pontos.
As ações da Petrobras (BVMF:PETR4) são destaque de baixa, apesar da alta do petróleo. Os investidores seguem cautelosos em meio aos vários burburinhos recentes envolvendo a estatal, cujo presidente, Jean Paul Prates, pode estar muito perto de sair.
Há relatos de que Prates se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda-feira para definirem a situação. Lula teria conversado com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, sobre a possibilidade de ele assumir a Petrobras, conforme apurou o Estadão. Já interlocutores ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) disseram Mercadante não teria interesse na troca.
E todo modo, uma eventual ida de Mercadante para o comando da estatal não é bem vista pelos investidores, dado o seu perfil mais alinhado ao do presidente Lula, o que poderia reforçar a ideia de uma postura mais intervencionista do governo na empresa.
"Criaram uma confusão totalmente desnecessária em torno da empresa, que pode afugentar mais o investidor", avalia Takeo.
Às 11h24, o Ibovespa caía 0,64%, aos 125.616,64 pontos, ante recuo de 70%, aos 126.537,09 pontos, na mínima, após máxima a 127.432,20 pontos.
Entre as ações ligadas a commodities, Petrobras ON (BVMF:PETR3) tinha a maior queda (-1,30%), em meio a dúvidas sobre a gestão da empresa. PN cedia 0,84%. No caso do setor metálico, o maior recuo era CSN ON (BVMF:CSNA3) (-1,57%). Vale (BVMF:VALE3) perdia 0,45%. Diante de incertezas na Petrobras, Eletrobras (BVMF:ELET3) acelerava a queda para a faixa de 1,00%.