O mercado doméstico deu voto de confiança a um ministro de pouca visibilidade no governo (João Roma, Cidadania) para crer que o novo Bolsa Família, rebatizado como Auxílio Brasil e encaminhado hoje ao Congresso, sem valor definido, respeitará o teto de gastos, ainda que a PEC dos Precatórios, em ajustes finais, não tenha sido encaminhada junto, pela manhã, e que uma série de benefícios tenha sido incorporada ao programa social. Assim, no meio da tarde, enquanto Roma explicava as medidas à imprensa, o Ibovespa se firmou em alta, renovando máxima da sessão a 123.597,30 pontos, enquanto o dólar à vista devolvia ganhos, que o haviam levado mais cedo quase a R$ 5,30, a R$ 5,2989 no pico do dia - no fim, subiu 0,21%, a R$ 5,2473.
No encerramento, o índice da B3 (SA:B3SA3) mostrava leve alta de 0,17%, a 123.019,38 pontos, saindo de mínima a 122.258,47 pontos, com abertura a 122.808,96 pontos e giro financeiro a R$ 29,1 bilhões. No mês, o Ibovespa acumula ganho de 1,00%, colocando o do ano a 3,36%. Em Nova York, com Dow Jones e S&P 500 vindo de renovação de recordes de fechamento na sexta-feira, o dia foi de ajuste negativo, à exceção de Nasdaq (+0,16%). O petróleo teve correção superior a 2%, com Brent abaixo de US$ 70 por barril - Petrobras ON (SA:PETR3) e PN fecharam respectivamente em baixa de 0,93% e 0,70%.
No exterior, a balança comercial da China, abaixo da expectativa, e os preços ao produtor, acima do esperado para o país, resultaram em ajuste nos preços de commodities como petróleo e minério de ferro (em queda de 4,43% em Dalian), limitando o potencial do Ibovespa na sessão, observa Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos - além de Petrobras (SA:PETR4) ON e PN, Vale ON (SA:VALE3) (-0,63%) também fechou o dia em terreno negativo.
No Brasil, apesar da relativa acomodação de Bolsa e câmbio, os juros futuros subiram, com o DI 23 a 8,22%, de 8,164% no ajuste de sexta-feira, e o para janeiro de 2027 a 9,51%, ante 9,403% na mesma base de comparação.
Ainda sem anúncio de valor, o Auxílio Brasil foi oficialmente apresentado, e com inclusão de agendas extras incorporadas ao benefício social, contemplando o desempenho esportivo e o aprendizado de ciências entre estudantes de famílias atendidas na reformulação do Bolsa Família.
"O ministro João Roma, da Cidadania descartou a possibilidade de o reajuste do benefício ultrapassar limites do teto de gastos, caso o Congresso não aprove a PEC de parcelamento dos precatórios, que serviria para financiar o programa", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "A fala trouxe certo alívio para a curva de juros, mas os investidores seguem de olho em como será resolvido esse impasse. Afinal, o valor do novo benefício será definido somente no final do ano pelo governo, conforme MP entregue hoje na Câmara pelo próprio presidente Bolsonaro", acrescenta o analista.