SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa interrompeu uma série de cinco altas seguidas nesta quinta-feira, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central adotar tom visto como mais duro por analistas e em meio a uma sessão negativa no exterior.
O Ibovespa caiu 1,67%, a 106.291,24 pontos, após ter batido 105.890,21 pontos na mínima. Nas últimas cinco sessões, o índice acumulou ganho de 7,26%. O giro financeiro desta sessão foi de 23,8 bilhões de reais, abaixo da média recente.
Na véspera, o Copom elevou a Selic em 1,5 ponto percentual, conforme esperado por economistas em pesquisa Reuters, para 9,25% ao ano, e indicou uma nova alta de mesma magnitude na próxima reunião.
O comitê disse que, "diante do aumento de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista". Além disso, o Copom afirmou que "irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".
O tom do comunicado foi visto como 'duro' por analistas. Ações de varejistas e de bancos caíram em bloco, assim como de outros setores sensíveis a taxa de juros, como o imobiliário.
"O cenário de possível alta na inadimplência, custo de crédito mais caro e poder de compra da população em baixa são pontos importantes para diversos setores e por isso as ações tiveram baixa prevendo ainda um longo caminho para recuperação", segundo Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
O exterior também não ajudou, com queda do S&P 500 e do Nasdaq, após dias de alta por alívio com a Ômicron. Os investidores digeriram dado de pedidos de auxílio-desemprego abaixo da estimativa, enquanto aguardam indicador-chave de inflação dos EUA na sexta-feira.
Dados do mercado de trabalho e sobre alta nos preços vêm sendo avaliadas pelo mercado dada sua influência na eventual decisão do Federal Reserve (Fed) de acelerar a retirada de estímulos e de quando subir os juros. A próxima reunião do Fed sobre política monetária ocorre na semana que vem.
DESTAQUES
- Nu Holdings (Nubank) (NYSE:NU) (SA:NUBR33) fechou com alta de 14,8% em sua estreia na NYSE, enquanto os BDRs na B3 (SA:B3SA3) saltaram 20%. Na véspera, o Nubank precificou o IPO a 9 dólares por ação, topo da faixa indicativa que foi reduzida anteriormente, captando cerca de 2,6 bilhões de dólares. O IPO teve demanda oito vezes maior que a oferta, disse uma fonte a par do assunto.
Lojas Americanas PN (SA:LAME4) desabou 9,2%, Americanas SA (SA:AMER3) afundou 8,6%, Magalu (SA:MGLU3) estendeu o tombo de mais da véspera e recuou 7,8% e Via SA (SA:VIIA3) teve queda de 7,1%. O índice dos papéis de consumo da B3 (que inclui empresas fora do Ibovespa) cedeu 2,3%, ficando atrás dos pares dos setores imobiliário e financeiro.
MRV ON (SA:MRVE3) cedeu 4,7%, Eztec (SA:EZTC3) ON caiu 4,95% e Cyrella (SA:CYRE3) recuou 3%.
Itau Unibanco PN (SA:ITUB4) caiu 2,7%, Bradesco PN (SA:BBDC4) recuou 2,55%, Santander Unit (SA:SANB11) cedeu 3,4% e Banco do Brasil (SA:BBAS3) teve queda de 2,2%.
Braskem PN (SA:BRKM5) estendeu queda da véspera e caiu 6,9%, em meio informações sobre a venda de participação por seus controladores. A Petrobras (SA:PETR4) reiterou pela manhã que ainda não decidiu sobre a forma como venderá sua fatia na petroquímica. Na véspera, o Broadcast disse que Morgan Stanley (NYSE:MS) e JPMorgan foram contratados para o sindicato de bancos que vai conduzir oferta de ações da Braskem por Petrobras e Novonor.
CSN (SA:CSNA3) subiu 1,5%. A companhia teve encontro com investidores e analistas na véspera, recebendo análises positivas. CSN Mineração SA (SA:CMIN3)ON, que não está no Ibovespa, subiu 4,15%.
Gol (SA:GOLL4) PN subiu 3,6%. Investidores seguem observando noticiário sobre a Covid-19 e potenciais medidas de restrição por conta da variante Ômicron.
Weg ON (SA:WEGE3) e Equatorial (SA:EQTL3) também tiveram desempenho positivo, ambas com alta de 1,3%.
Localiza ON (SA:RENT3) e UNIDAS ON caíram 1,3% e 0,8%, respectivamente, após análise da fusão das empresas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ser marcada para 15 de dezembro, segundo o Diário Oficial da União
(Por Andre Romani)