Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O tom negativo passava a prevalecer na bolsa paulista nesta quarta-feira, com bancos e Petrobras entre as maiores pressões de baixa do Ibovespa, enquanto papéis de varejistas com forte atuação no comércio eletrônico resistiam no campo positivo.
Às 12:16, o Ibovespa caía 1,11%, a 78.587,94 pontos. O volume financeiro somava 8,2 bilhões de reais.
Na visão de profissionais ouvidos pela Reuters, a bolsa no Brasil acompanhou o enfraquecimento dos pregões em Wall Street, mas teve o movimento ampliado pelo cenário doméstico mais complicado, principalmente a questão fiscal.
Na véspera, a Fitch cortou para "negativa" a perspectiva do rating do Brasil, avaliando que a deterioração econômica e fiscal e ruídos políticos podem afetar a capacidade do governo de ajustar as contas públicas e de implementar reformas econômicas após a pandemia.
No mesmo dia, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de auxílio a Estados e municípios, com repasses de 60 bilhões de reais e suspensão de dívidas que elevam o impacto total a aproximadamente 120 bilhões de reais.
Enquanto também analisam resultados corporativos, investidores aguardam decisão de política monetária do Banco Central, prevista para o final do dia, quando a Selic deve ser reduzida em 0,5 ponto, para 3,25% ao ano.
Em Wall Street, o S&P 500 subia 0,11%, com os mercados externos ainda apoiados nas perspectivas de retomada da atividade econômica, com várias regiões aliviando medidas de restrições adotadas contra a disseminação do Covid-19.
Para a equipe do BTG Pactual (SA:BPAC11), o momento ainda é de muita cautela e incertezas no Brasil, onde veem a expectativa de crescimento nos próximos anos se reduzindo a cada dia, enquanto avaliam que a saída da quarentena deverá ser mais lenta e mais longa do que o esperado.
"Fica a dúvida quanto o atual patamar de preços que está já precificando essa saída ou até uma recuperação", observaram os analistas do BTG em nota a clientes enviada pela área de gestão do banco.
Nos comentários, o BTG cita ainda reuniões com vários investidores estrangeiros, onde ficou como percepção que eles só voltarão a investir de forma relevante no país quando enxergarem expansão crescente da economia e o andamento das reformas necessárias.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN (SA:BBDC4) cediam 3% e 2,8%, respectivamente, com o setor como um todo em baixa. Os dois bancos divulgaram recentemente aumento em suas provisões contra possíveis perdas com empréstimos em meio à crise desencadeada pelo Covid-19.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) recuavam 2,1% e 2,5%, na esteira do declínio dos preços do petróleo no mercado externo, onde o Brent cedia cerca de 4%.
- GERDAU PN (SA:GGBR4) caía 2,6% após divulgar queda de cerca de 50% no lucro do primeiro trimestre e corte nos planos de investimentos para 2020. No setor de siderurgia e mineração, VALE ON (SA:VALE3) subia 0,4% e CSN (SA:CSNA3) avançava 0,6%, enquanto USIMINAS PNA (SA:USIM5) perdia 1,7%.
- CVC ON (SA:CVCB3) caía 3,3%, tendo de pano de fundo forte alta do dólar ante o real e o cenário ainda hostil para o setor de turismo em razão da pandemia.
- GOL (SA:GOLL4) PN recuava 1,95%, com números prévios de abril sobre o tráfego de passageiros mostrando queda de mais de 90% na demanda em abril, com redução da oferta no mesmo patamar, além da forte alta do dólar na sessão. AZUL PN (SA:AZUL4) cedia 2,6%.
- B2W ON (SA:BTOW3) disparava 13,8%, em sessão de alta do setor de varejo, após balanço do primeiro trimestre e sinais de aceleração de vendas em abril divulgados pelo Mercado Livre, que tem ações negociadas em Nova York. MAGAZINE LUIZA (SA:MGLU3) e VIA VAREJO avançavam 11,2% e 4,3%, respectivamente. MERCADO LIVRE saltava 21,7%.
- TIM (SA:TIMP3) recuava 0,3%, após figurar entre os destaques positivos, no primeiro pregão após a operadora de telecomunicações reportar na véspera lucro líquido 8,3% maior no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
- TELEFÔNICA BRASIL PN mostrava acréscimo de 1,5%. A companhia reportou mais cedo queda de 14,1% no lucro líquido do primeiro trimestre, conforme maiores despesas com impostos e depreciação ofuscaram esforços para cortar custos e a melhora do desempenho operacional.