SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista apresentava uma queda modesta nesta sexta-feira, com sentimento ainda de cautela no retorno do feriado e volatilidade nos índices acionários norte-americanos, após a divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos.
Por volta das 11h10, o Ibovespa cedia 0,11%, a 122.571,98 pontos, com o indicador a caminho de fechar a semana e o mês em queda. O volume financeiro no pregão somava 3,15 bilhões de reais.
Em Nova York, após uma abertura positiva, os índices acionários operavam sem direção definida, diante da divulgação do índice de preços PCE, medida de inflação preferida do Federal Reserve. O indicador subiu 0,3% em abril, dentro do esperado pelo mercado. Na base anual, o índice PCE teve acréscimo de 2,7%, após avançar o mesmo valor em março.
Durante a semana útil, mais curta no Brasil devido a feriado de Corpus Christi, o Ibovespa operou "morno", e os dados de inflação nos EUA em linha com as expectativas poderiam trazer um maior impulso ao indicador, o que não tem ocorrido, observou o analista Matheus Nascimento, da Levante Inside Corp.
O analista destacou que apesar de um PCE "positivo" na sua visão, o ambiente interno se mantém desafiador e ainda há certa cautela frente às incertezas em relação ao momento de corte de juros nos EUA, o que contribui para a pressão sobre o índice.
Ainda na agenda internacional, dados divulgados mais cedo mostraram que a inflação na zona do euro acelerou mais do que o esperado em maio. É improvável, no entanto, que o dado impeça o Banco Central Europeu de reduzir os juros na próxima semana.
Uma autoridade do banco europeu afirmou nesta sexta-feira que a aceleração da inflação em maio ainda permite corte nos custos dos empréstimos pelo BCE.
Para o economista e diretor de investimentos da Nomos Beto Saadia, "a probabilidade de início de corte de juros norte-americanos continua para novembro e vem num bom 'timing' já que se sincroniza com a Europa e com o resto do mundo num ciclo global de queda de juros".
DESTAQUES
- VALE ON (BVMF:VALE3) perdia 0,08%, com recuo nos futuros do minério de ferro, que encerraram a semana em baixa, com a demanda de curto prazo e os dados desanimadores das fábricas da China pesando sobre o sentimento. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou a sessão da tarde com queda de 1,7%, a 865 iuanes por tonelada. Na semana, o contrato recuou 4,7%.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) avançava 1,56%, em meio a um movimento estável dos preços do petróleo no mercado externo. A estatal informou que recebeu de acionistas minoritários correspondências solicitando a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para eleição de membros do conselho e presidência do colegiado, mas que entende que não há motivos para a convocação. Ainda assim, a companhia disse que irá submeter os pedidos à avaliação jurídica.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) cedia 0,61%, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) perdia 0,23%.
- TOTVS ON (BVMF:TOTS3) tinha alta de 1,8%, em meio a comunicado, divulgado na quarta-feira pré-feriado, de redução de participação do fundo GIC Private Limited na Totvs para 5,77%.
- AZUL PN (BVMF:AZUL4) subia 1,72%, após queda no último dia útil, em meio às notícias de que mantém conversas com a holding controladora da Gol (BVMF:GOLL4) para "explorar eventuais oportunidades", após um acordo de codeshare entre as empresas que na visão de seu presidente-executivo, John Rodgerson, não deve enfrentar obstáculos antitruste. GOL PN perdia 1,74%.
- RUMO ON (BVMF:RAIL3) mostrava decréscimo de 0,41%, depois de a empresa acertar venda de sua fatia de 50% em um terminal no porto de Santos (SP) para um consórcio formado pela Bunge (NYSE:BG) e Zen-Noh Grain por 600 milhões de reais.
(Reportagem de Patricia Vilas Boas)