Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta terça-feira, chegando a perder o patamar dos 115 mil pontos na mínima, em meio a um ambiente externo desfavorável a ativos de risco, enquanto o Banco Central no Brasil defendeu "atuação firme" para baixar inflação, com diretores divergindo sobre a dinâmica de preços no país.
Às 10:40, o Ibovespa caía 0,6%, a 115.225,24 pontos. Na máxima até o momento, chegou a 115.922,45 pontos. Na mínima, a 114.979,57 pontos. O volume financeiro somava 3,6 bilhões de reais.
"A aversão ao risco ainda se faz presente nos mercados internacionais neste início de terça-feira, ainda sob a perspectiva de que os juros americanos permanecerão em níveis elevados por (muito) mais tempo do que se imaginava antes", afirmou a Ágora Investimentos em relatório a clientes.
"Tal ambiente, aliado à errática 'recuperação' da economia chinesa - que voltou ao radar, após novos sinais de problemas no setor imobiliário – e a possível paralisação do governo americano impedem uma visão mais construtiva dos investidores, ao menos no curto prazo, penalizando a renda variável."
Em Wall Street, os pregões abriram em queda, mesmo sinal que prevalecia nos negócios na Europa e dominou o fechamento das bolsas na Ásia.
No Brasil, o Banco Central defendeu uma "atuação firme" para reduzir as expectativas de inflação na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que também apontou uma divergência entre diretores da autoridade monetária em relação à dinâmica de preços, principalmente no setor de serviços.
O documento é referente à decisão do Copom da semana passada, quando a Selic foi reduzida novamente em 0,50 ponto, para 12,75% ao ano.
"A nosso ver, a ata reforça nosso cenário de (cortes) de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões, com a taxa Selic encerrando 2023 em 11,75%", afirmou o economista-chefe da XP (BVMF:XPBR31), de Caio Megale, em comentário a clientes.
"Como dissemos em nosso último Brasil Macro Mensal publicado na semana passada, vemos a política fiscal expansionista como uma restrição para um afrouxamento monetário muito mais profundo em 2024, se o Copom realmente pretender atingir a meta de 3,0% nos próximos anos", acrescentou.
A agenda doméstica ainda mostrou que a inflação medida pelo IPCA-15 de setembro acelerou para 0,35%, pressionada pelo aumento dos preços da gasolina, com a taxa em 12 meses chegando a 5,0%. Projeções compiladas pela Reuters apontavam alta de 0,38% no mês e de avanço de 5,01% em 12 meses.
Destaques
- VALE ON (BVMF:VALE3) caía 0,78%, a 66,08 reais. Os futuros do minério de ferro ampliaram as quedas nesta terça-feira, com os investidores realizando lucros antes dos próximos feriados na China e com as preocupações sobre a demanda crescendo em meio à desaceleração da reposição de estoques e aos iminentes cortes na produção de aço na segunda maior economia do mundo.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuava 0,96%, a 33,92 reais. Os preços do petróleo recuavam no exterior nesta terça-feira, com a valorização do dólar agravando as preocupações de que a demanda por combustível será afetada pela postura cautelosa de bancos centrais de economias relevante, principalmente o risco de manutenção dos juros mais elevados por mais tempo.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) cedia 0,70%, a 26,81 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) caía 1,06%, a 13,96 reais, contaminados pelo movimento mais vendedor na bolsa.
- ELETROBRAS ON (BVMF:ELET3) avançava 3,29%, a 37,05 reais, atenuando a pressão de baixa no Ibovespa. A companhia divulgou mais cedo que Elvira Presta renunciou ao cargo de vice-presidente financeira da companhia, e será substituída por Eduardo Haiama, um executivo experiente no setor elétrico. A Eletrobras também informou que pretende resgatar 6 bilhões de reais em notas comerciais.
- CYRELA ON (BVMF:CYRE3) caía 1,70%, a 20,23 reais, em mais um dia negativo para papéis sensíveis a juros, com o índice do setor imobiliário perdendo 1,33%, dado o movimento de alta na curva futura de juros. Papéis de varejo também sofriam, LOJAS RENNER ON (BVMF:LREN3) caía 3,12%,.
- MARISA ON, que não faz parte do Ibovespa, subia 1,67%, a 0,61 reais, tendo como pano de fundo estimativas da varejista de vestuário, incluindo previsão de faturamento bruto de entre 2,3 bilhões e 2,5 bilhões de reais no próximo ano. Acionistas da companhia também aprovaram na semana passada grupamento de ações na proporção de cinco para uma.