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Ibovespa recua com temor de BC mais político; NY vira e adiciona peso

Publicado 09.02.2023, 18:04
Atualizado 09.02.2023, 20:50
© Reuters.
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Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa teve forte queda nesta quinta-feira, influenciado por temores do mercado de maior influência do governo no Banco Central (BC), após notícias sobre potencial mudança na meta de inflação, enquanto o cenário externo, que era mais positivo no início do dia, virou e gerou pressão adicional.

Itaú Unibanco foi destaque negativo. WEG (BVMF:WEGE3) ficou na ponta oposta.

O Ibovespa caiu 1,77%, a 108.008,05 pontos, após alta de quase 2% na véspera. Na mínima, cedeu a 107.766,59 pontos e, na máxima, foi a 110.045,92 pontos. O volume financeiro somou 23,8 bilhões de reais.

A Bloomberg informou nesta quinta-feira, citando fontes, que a equipe econômica estuda antecipar uma revisão das metas de inflação do país na tentativa de acalmar as tensões entre o BC e Lula. O BC não comentou. O Ministério da Fazenda afirmou à Reuters que não antecipa pautas e nem temas que serão discutidos no Conselho Monetário Nacional, órgão responsável por definir as metas.

Para Bruno Komura, analista da gestora de recursos Ouro Preto, essa sinalização "mostra que talvez o BC seja mais político e vá ceder em alguns pontos. E isso é muito perigoso nesse mandato de controlar a inflação", disse, em referência à incumbência da autarquia.

O renovado temor de uma possível mudança na meta de inflação vem após semanas de atritos envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o BC. Lula e aliados fizeram críticas contra a própria meta, bem como à independência do BC e ao nível atual da taxa Selic, o que gerou reações negativas nos ativos locais.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta quinta-feira desconhecer discussão sobre mudança de meta de inflação. A declaração, porém, teve pouco efeito no mercado.

O dólar fechou em alta de quase 1,5%, acima de 5,27 reais, nesta quinta-feira e a parte longa da curva de juros teve forte avanço, o que impactou na queda de ações de empresas ligadas ao consumo doméstico.

A cena local também foi de importantes dados econômicos, com inflação de janeiro vindo pouco abaixo do esperado, contrapondo vendas no varejo em dezembro bem pior do que as estimativas do mercado.

Os principais índices acionários em Nova York geraram peso extra na parte da tarde ao passarem a queda, diante de elevação dos rendimentos dos títulos do governo norte-americano. O S&P 500 caiu 0,88%.

TIM (BVMF:TIMS3), Alpargatas (BVMF:ALPA4), Multiplan (BVMF:MULT3) e Bradesco divulgam resultados agora à noite. Usiminas (BVMF:USIM5) solta seu balanço na sexta-feira antes da abertura.

DESTAQUES

- GERDAU PN (BVMF:GGBR4) caiu 7,93%, a 28,67 reais, após JPMorgan (NYSE:JPM) e Goldman Sachs (NYSE:GS) cortarem recomendação da ação a "neutra", diante de valorização recente e perspectiva de maior nível de investimentos. A holding do grupo, METALÚRGICA GERDAU PN (BVMF:GOAU4), cedeu 7,80%, também após o JPMorgan também cortar sua recomendação a "neutra".

- AZUL PN (BVMF:AZUL4) desabou 11,85%, a 9,52 reais, elevando as perdas na semana para 16,6%, em meio à alta de quase 1,5% do dólar ante o real na sessão. GOL (BVMF:GOLL4) PN caiu 5,54%.

- BB SEGURIDADE ON (BVMF:BBSE3) perdeu 5,24%, a 35,11 reais, mesmo após registrar lucro líquido de 1,8 bilhão de reais no quarto trimestre, expansão de 47% sobre o mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo resultado financeiro que ganhou força com a alta dos juros no país. A companhia estimou para 2023 um crescimento entre 12% e 17% no resultado operacional não-decorrente de juros.

- GPA (BVMF:PCAR3) ON subiu 1,49%, a 17,69 reais, interrompendo seis sessões de queda. A ação chegou a estar entre os piores desempenhos do dia, mas virou à tarde e fechou como um dos destaques positivos do Ibovespa. O GPA disse pela manhã que passou a reavaliar processos que havia vencido para não recolhimento de Contribuição sobre Lucro Líquido (CSLL) depois de decisão do Supremo Tribunal Federal. O valor negativo decorrente da decisão da corte é estimado em 290 milhões de reais.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) caiu 0,46%, a 25,93 reais, após divulgar relatório de produção e vendas e em meio à queda de 0,7% do petróleo Brent. As vendas totais da petrolífera ficaram quase estáveis em 2022 ante o ano anterior, após a empresa registrar uma queda de 3,2% na produção de petróleo e gás no mesmo período.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) reduziu 2,48%, a 25,92 reais, após salto de mais de 8% na véspera com resultado trimestral lido por analistas como positivo. BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) perdeu 2,54%, a 13,80 reais, antes de divulgar balanço nesta quinta-feira.

© Reuters. Bolsa de Valores B3 do Brasil em São Paulo, Brasil
19/10/2021
REUTERS/Amanda Perobelli

- KLABIN UNIT (BVMF:KLBN11) subiu 0,36%, a 19,30 reais, beneficiada por dólar mais alto ante o real e após conferência de resultados da empresa. O presidente da Klabin, Cristiano Teixeira, disse a analistas que a companhia vai focar em redução de endividamento e ganho de eficiência operacional este ano, e espera resultado melhor no primeiro trimestre. SUZANO (BVMF:SUZB3) ON avançou 0,76%.

- VALE ON (BVMF:VALE3) perdeu 0,37%, a 88,39 reais, mesmo com alta do minério de ferro na China e diante de corte de recomendação pelo JPMorgan.

- LOJAS MARISA ON, que não está no Ibovespa, despencou 22,64%, a 0,82 real, mínima histórica de fechamento, estendendo queda da véspera após contratar assessoria para renegociar sua dívida. Além disso, o presidente da companhia renunciou nesta semana.

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