Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda de mais de 2% nesta quinta-feira, devolvendo boa parte dos ganhos da semana, em meio a movimentos de realização de lucros endossados por ajuste negativo em Wall Street, com agentes financeiros também repercutindo uma bateria de resultados corporativos no país.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,2%, a 102.507,01 pontos, reduzindo os ganhos na semana para 1,57%. O volume financeiro no pregão somou 31,9 bilhões de reais.
Após um começo de semana mais otimista, com noticiário relacionado a uma vacina contra o coronavírus, o crescimento nos casos da doença nos Estados Unidos e a ameaça de uma nova rodada de restrições econômicas para conter a pandemia pesaram nos pregões em Nova York, contaminando o Ibovespa.
Em Washington, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que "os próximos meses podem ser desafiadores", o que corroborou o viés mais vendedor no mercado.
Declarações do ministro da Economia no Brasil, Paulo Guedes, tampouco ajudaram. Ele disse que a tributação de dividendos é uma alternativa em avaliação para financiar a desoneração da folha de pagamentos e que o auxílio emergencial deve ser mantido no caso de uma segunda onda de Covid-19 no país.
"Dado o quadro fiscal já tão complicado, esse tipo de declaração definitivamente não ajuda", disse um gestor.
DESTAQUES
- AZUL PN (SA:AZUL4) e GOL PN (SA:GOLL4) recuaram 6,38% e 5,92%, respectivamente, com as preocupações sobre novas rodadas de medidas de confinamento pesando sobre o setor, um dos mais afetados pela pandemia de coronavírus.
- VIA VAREJO ON (SA:VVAR3) perdeu 5,73%, com boa parte do resultado do terceiro trimestre, que mostrou lucro operacional de 100 milhões de reais, já no preço das ações. No setor, B2W ON (SA:BTOW3) subiu 1,51% e MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3) recuou 0,39%.
- CCR ON (SA:CCRO3) caiu 5,72%, na esteira da queda de mais de 70% do lucro no terceiro trimestre, a 93,3 milhões de reais, com os efeitos negativos da pandemia sendo amplificados com a alta do dólar e maiores despesas com depreciação de ativos perto do fim da concessão.
- ELETROBRAS ON (SA:ELET3) perdeu 5,18%, após divulgar queda de 87% no lucro líquido do trimestre encerrado em setembro. Em teleconferência, o presidente da maior companhia elétrica da América Latina disse que governo deve retomar negociação sobre a sua privatização em 2021.
- RUMO ON (SA:RAIL3) fechou em baixa de 5,19%, apesar de desempenho operacional recorde no terceiro trimestre, uma vez que o lucro caiu 54% em meio ao declínio de tarifas de transporte ferroviário e despesas com a renovação antecipada da Malha Paulista.
- TAESA UNIT (SA:TAEE11) avançou 3,10%, após a transmissora de energia elétrica reportar lucro de 631,9 milhões de reais no trimestre encerrado em setembro, com alta de 76,6% na comparação ano a ano, superando estimativas de analistas.
- JBS ON (SA:JBSS3) fechou com variação negativa de 0,47%, tendo de pano de fundo lucro de mais de 3 bilhões de reais no terceiro trimestre, acima das projeções do mercado. No setor, MARFRIG ON (SA:MRFG3) subiu 0,67%, após o lucro trimestral crescer quase sete vezes.
- HAPVIDA ON (SA:HAPV3) avançou 1,97%. Ainda durante o ajuste de fechamento, a companhia reportou lucro líquido de 247,8 milhões de reais, com o Ebitda alcançando 512,2 milhões de reais, acima do esperado pelo mercado, segundo dados da Refinitiv.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) cedeu 4,24%, em meio a movimentos de realização de lucros e conforme os preços do petróleo passaram a cair no exterior.
- VALE ON (SA:VALE3) caiu 1,46%, na contramão dos preços dos contratos futuros de minério de ferro na China.
- ITAU UNIBANCO PN (SA:ITUB4) fechou em baixa de 2,44%, também corrigindo valorização relevante recente, com BRADESCO PN (SA:BBDC4) na mesma direção, em queda de 3,95%.
- 3R PETROLEUM, que não está no Ibovespa, cedeu 0,48%, a 20,90 reais, em sua estreia na B3, após a companhia especializada na operação de campos maduros de petróleo, precificar oferta inicial de ações (IPO) a 21 reais por ação, abaixo da faixa estimada pelos coordenadores.
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(Edição Alberto Alerigi Jr.)