Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta sexta-feira, mas seguia para uma performance positiva no acumulado de uma semana em que agentes financeiros precisaram digerir eventos como ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, anúncio de medidas econômicas e problemas contábeis de 20 bilhões de reais da Americanas.
Às 12:41, o Ibovespa caía 0,76%, a 110.998,95 pontos. Na semana, porém, sobe 1,8%. O volume financeiro no pregão somava 7 bilhões de reais.
Análise técnica do Itaú BBA destacou que o Ibovespa conseguiu firmar um movimento de recuperação e se mantém acima dos 106.700 pontos. "Depois de ultrapassar os 111.200 pontos e sair da tendência de baixa, o Ibovespa recuou e deixou no ar a dúvida se foi um falso rompimento ou não."
De acordo com os analistas Fábio Perina e equipe, em relatório enviado a clientes, o índice possui um grande desafio na região dos 113.800 pontos, "que é o ponto chave para a primeira tendência de alta em 2023".
No exterior, Wall Street tinha uma sessão mais negativa, corroborando a fraqueza no pregão brasileiro, uma vez que comentários de executivos de grandes bancos dos Estados Unidos aprofundaram preocupações sobre desaceleração do crescimento econômico, enquanto as ações da Tesla (NASDAQ:TSLA) pressionavam o Nasdaq.
Investidores também repercutiam dados norte-americanos mostrando melhora na confiança dos consumidores em janeiro.
DESTAQUES
- AMERICANAS ON saltava 19,49%, a 3,25 reais, em sessão de ajustes após despencar quase 80% na véspera, na esteira do anúncio pela companhia de problemas contábeis da ordem de 20 bilhões de reais. No setor, MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) disparava 10,97% e VIA ON tinha elevação de 3,25%. Ainda na véspera, a Via afirmou que suas operações de "risco sacado" estão registradas nas demonstrações financeiras em conformidade com as normas internacionais de contabilidade.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuava 0,57%, a 24,49 reais, apesar do avanço dos preços do petróleo no exterior. A companhia informou nesta sexta-feira que recebeu ofício do Ministério das Minas e Energia, na véspera, confirmando a indicação de Jean Paul Prates para exercer os cargos de presidente da companhia e de membro do Conselho de Administração da petrolífera. O governo espera que Prates possa assumir o posto ainda em janeiro.
- BTG PACTUAL (BVMF:BPAC11) UNIT caía 2,58%, a 22,29 reais, respondendo pelo pior desempenho entre os bancos do Ibovespa, com agentes financeiros ainda avaliando os potenciais reflexos da turbulência envolvendo a Americanas no setor. Analistas do Itaú BBA chamaram atenção particularmente para o BTG em relatório dada a exposição do banco a crédito para pequena e média empresa (PME), que eles afirmam consistir quase inteiramente em financiamento da cadeia de suprimentos para diversos setores. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) cedia 1,23% e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) perdia 1,4%.
- QUALICORP ON (BVMF:QUAL3) recuava 4,05%, a 6,16 reais, no segundo dia de queda, corrigindo parte da valorização de 13,5% acumulada em uma sequência de quatro altas até a quarta-feira. No setor de saúde, HAPVIDA ON (BVMF:HAPV3) perdia 4,14%, FLEURY ON (BVMF:FLRY3) cedia 2,53% e REDE D'OR ON caía 2,05%.
- VALE ON (BVMF:VALE3) mostrava acréscimo de 0,25%, a 93,97 reais. Os contratos futuros de minério de ferro subiram mais de 3% na sexta-feira, com os preços da bolsa de Dalian atingindo o maior nível em 17 meses e estendendo os ganhos na semana devido ao otimismo contínuo sobre as perspectivas de demanda no maior produtor de aço do mundo, a China.